Vapor Benjamim Guimarães volta a navegar no São Francisco a partir deste domingo (1º/6)
Revitalização é um presente para Pirapora, que completa 113 anos; custo com restauração foi de R$ 5,8 milhões
Neste domingo (1º/6), às 10h, às margens do Velho Chico, em Pirapora, no Norte de Minas, o tempo reencontra o seu curso: o vapor Benjamim Guimarães, patrimônio vivo da navegação fluvial e única embarcação a vapor em funcionamento no mundo, volta a cortar as águas do rio São Francisco.
É mais que um retorno: é um reencontro com a memória, com o patrimônio que pulsa, move e transforma. A restauração é resultado de uma parceria entre o governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult-MG) e do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG), e da Prefeitura Municipal de Pirapora.
Após cinco anos de um meticuloso processo de restauração conduzido com rigor técnico, o Benjamim Guimarães volta a navegar como testemunho das águas que contam a história de um povo. As intervenções contemplaram desde a substituição do casco até a revisão completa do maquinário, ando pela recuperação da chaminé, dos camarotes, da roda de pás e de todos os sistemas que compõem sua estrutura centenária.
Esse retorno simbólico marca também o aniversário de 113 anos de Pirapora. A cidade celebra não apenas mais um ano de existência, mas o renascimento de um dos seus maiores símbolos: um vapor que transporta, além de ageiros, as narrativas de um território ribeirinho moldado pela cultura das águas.
A restauração
Construído em 1913, nos Estados Unidos, o Benjamim Guimarães tem 43,85 metros de comprimento, três decks, capacidade para 28 toneladas de combustível e propulsão por roda de pás. Após servir no io Mississippi e, posteriormente, no Amazonas, estabeleceu-se no São Francisco em 1920. Desde então, tornou-se parte indissociável da paisagem e da história de Pirapora.
João Paulo Martins, presidente do Iepha-MG, afirma que entregar o Benjamim Guimarães restaurado é reafirmar que o patrimônio não é apenas o que se preserva, mas o que se vive, o que se sente e o que se transforma em memória coletiva Em dezembro de 2019, foi firmado um convênio entre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Iepha-MG, com recursos do Ministério de Minas e Energia, por meio da Eletrobrás, totalizando um investimento de R$ 5,8 milhões.
As obras tiveram início em novembro de 2020, sob a responsabilidade da empresa INC Indústria Naval Catarinense, com acompanhamento técnico do Iepha-MG, da Delegacia Fluvial de Pirapora, da Marinha do Brasil e da Prefeitura Municipal de Pirapora, proprietária da embarcação.
Para o secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas de Oliveira, o momento é histórico: “A entrega do vapor Benjamim Guimarães é um reencontro com a alma do povo mineiro e ribeirinho. Ele carrega memórias, histórias de fé, de luta e de esperança que navegam junto com o Velho Chico. É um patrimônio que não repousa: segue em movimento, como a própria cultura.”
Motor do turismo
O retorno do vapor representa também um importante impulso para o turismo cultural na região. Mais que um eio, embarcar no Benjamim Guimarães é navegar pela história de Minas, sentir o cheiro da madeira antiga, ouvir o sopro das caldeiras e experimentar a travessia do tempo. Com ele, o rio São Francisco ganha novamente um emblema que valoriza o território, promove o desenvolvimento sustentável e fortalece a identidade de Pirapora e das comunidades que vivem às suas margens.
“Convidamos toda a população e a imprensa para participar desta celebração tão significativa. Pirapora está pronta, com sua hospitalidade e sua beleza, para acolher os que vêm reverenciar este símbolo do nosso ado e do nosso presente”, ressalta o prefeito Alex Cesar.