BRASÍLIA - Em mais um ato pró-anistia junto a seus apoiadores, nesta quarta-feira (7), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) questionou como “alguns poderosos que fazem tanta maldade” conseguem dormir à noite, sem citar nomes. Ele contrariou orientações médicas e decidiu participar da caminhada, em cima de um trio elétrico. Ele recebeu alta do DF Star no último domingo (4) após 21 dias internado, após ser submetido a uma cirurgia de desobstrução intestinal.
Em seu discurso, Bolsonaro comentou também sobre uma possível volta ao poder e disse que não tem “obsessão pelo poder”, mas “paixão pelo país”. Ele está inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“Tudo a pela decisão de vocês. Eu sou apenas um instrumento, um empregado de vocês. Não tenho obsessão nenhuma pelo poder, eu tenho paixão pelo nosso Brasil. Poderia estar muito bem de outro lado, mas não estaria com a minha consciência tranquila. Eu não sei como alguns poderosos fazendo tanta maldade conseguem dormir em paz uma noite sequer dessa vida”, afirmou.
A manifestação ocorreu nesta quarta-feira (7), em Brasília, pela primeira vez desde os episódios que levaram à depredação dos prédios-sede dos Três Poderes.
O ex-presidente fez ainda um apelo pela aprovação do projeto de lei que anistia os condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023 e rebateu opiniões de que se a proposta fosse aprovada no Congresso poderia ser questionada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
“Anistia é um ato político e privativo do Parlamento brasileiro. O Parlamento votou, ninguém tem que se meter em nada. Tem que cumprir a vontade do Parlamento, que é a vontade do povo brasileiro”, destacou.
A mobilização ocorre em meio ao avanço do processo no Supremo que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado em 2022, que culminou com os atos de 8 de janeiro.
No final de março, por unanimidade, a Primeira Turma da Corte decidiu abrir ação penal contra os oito integrantes do núcleo principal, entre eles, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL); Walter Braga Netto, ex-ministro e vice na chapa de Bolsonaro em 2022; Mauro Cid, então ajudante de ordens de Bolsonaro, e o agora deputado federal Alexandre Ramagem, chefe da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) no governo ado.
No total, 21 acusados de participar da suposta trama golpista já viraram réus no STF. Os ministros ainda julgam, nos dias 20 e 21 de maio, a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), contra militares acusados pela tentativa de golpe de Estado.