BRASÍLIA — O ato pró-anistia em Brasília nesta quarta-feira (7) à tarde não repetirá as manifestações anteriores marcadas por aliados de Jair Bolsonaro no Rio de Janeiro em março e em São Paulo no início de abril. Em gesto inédito, aliados do ex-presidente marcaram o protesto para um dia útil. A concentração começou na Torre de TV, ponto turístico de Brasília, e os manifestantes seguirão em direção ao Congresso Nacional. É o primeiro ato em Brasília, após o 8 de janeiro de 2023.

Deputados e senadores de oposição comparecerão em massa ao ato chamado por Jair Bolsonaro, que, contrariando orientações médicas, decidiu participar da caminhada. Ele recebeu alta do DF Star no último domingo (4) após 21 dias internado. Ele ainda se recupera de uma cirurgia invasiva.

Os discursos nesta quarta-feira serão puxados pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e outros aliados também deverão tomar o microfone no trio elétrico. A expectativa é que ocorra ainda uma declaração de Jair Bolsonaro.

Em razão do ato, a segurança foi reforçada na chegada ao Congresso Nacional. Barreiras físicas foram colocadas na chegada à chapelaria, onde os deputados e os senadores desembarcam. A polícia do Distrito Federal também deve acompanhar o deslocamento dos manifestantes.

STF decidiu manter a rotina de trabalhos e a sessão de julgamento no plenário do STF nesta quarta-feira. Em nota, a Corte informou que já acionou as forças de segurança e policiamento do Distrito Federal para proteção do edifício-sede e anexos do Poder Judiciário. “Como de praxe quando há grandes manifestações, serão adotadas medidas de reforço nas instalações do prédio”, informou a instituição. 

Pressão pela anistia

O ato marcado pela oposição pretende reforçar o coro dos deputados pela aprovação da anistia na Câmara dos Deputados. O texto está travado, e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), indicou a interlocutores que não irá colocá-lo para votação. A proposta não é apoiada pelos líderes dos partidos do Centrão, que reagiram contra a votação do requerimento de urgência do projeto que anistia os réus e condenados pelo 8 de Janeiro.

Nos bastidores, há possibilidade de uma costura alternativa entre o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF). Um dos temores hoje em discussão é que a anistia como foi apresentada pela oposição permitiria um perdão amplo, geral e ir. A avaliação é que essa proposta é inconstitucional e seria barrada pelo STF, amplificando as tensões entre os poderes.