O vereador de Belo Horizonte, Lucas Ganem (Podemos), criticou, em entrevista ao Café com Política, exibido nesta terça-feira (2/6), no canal de O TEMPO no Youtube, o processo de cassação movido contra o primeiro suplente de seu partido na Câmara Municipal da capital. O ex-vereador Rubão (Podemos), atual secretário de Esportes e Lazer da Prefeitura de BH, acusa o parlamentar de não residir em Belo Horizonte no período exigido para a candidatura. De acordo com Ganem, "quem perdeu, sempre vai tentar puxar o tapete".
Segundo Ganem o suplente tem “todo o direito de recorrer” ao Ministério Público, mas negou qualquer inconsistência domiciliar. Durante a entrevista, o vereador pontuou ainda por que decidiu disputar uma vaga na capital mineira, apesar de ser natural de São Paulo.
“Eu não posso falar muito sobre isso, porque o processo transita em segredo de Justiça. Mas o que eu posso dizer é que o meu domicílio eleitoral era registrado em Belo Horizonte. Eu tinha todos os comprovantes quanto a isso. O TRE deferiu minha candidatura. Eu não tive nenhum problema com as minhas contas de campanha. Foi tudo regulamentado da forma certa”, avaliou.
“Você sabe como funciona a política. Quem perdeu sempre vai tentar puxar o tapete de quem ganhou. Mas uma coisa que a gente não pode esquecer é que eu fui eleito, eu conquistei o meu espaço, eu não tirei a cadeira de ninguém, eu conquistei a minha cadeira, diferente de algumas narrativas que tentam construir”, defendeu o vereador, que é natural de São Paulo.
Ganem integra um grupo político cujo precursor é o deputado federal Bruno Ganem (Podemos-SP), seu primo, de quem adotou o sobrenome Ganem, que não consta em sua certidão de nascimento. Durante a entrevista, o vereador também mencionou a tia, Clarice, e a mãe, Simone. "Eu faço parte de um grupo muito forte e o meu primo é deputado federal por São Paulo, Bruno Ganem, minha tia é deputada estadual por São Paulo também. Minha mãe é vereadora de São Paulo. Nós temos outros vereadores em outras regiões também eleitos”, destacou.
Questionado sobre o motivo de não ter se candidatado em São Paulo, se limitou a dizer que “quis ficar em Belo Horizonte”. “Eu escolhi ficar em Belo Horizonte. Eu me identifiquei muito com a cidade. Eu gostei muito da população. Eu gosto muito da cultura. Eu já havia visitado Minas Gerais em outros momentos da minha vida e eu quis vir para cá com o objetivo de poder seguir minha vida por Belo Horizonte mesmo", destacou. "Meus 10.753 votos vieram de Belo Horizonte. Não vieram de outra cidade, de outro Estado", acrescentou.
Além do sobrenome em comum na urna, a chamada "Família Ganem", como o próprio parlamentar se refere, também apresenta projetos parecidos nas suas respectivas Casas legislativas. Questionado sobre o assunto e sobre a semelhança dos perfis nas redes sociais, o vereador argumentou que os projetos são “pautas nacionais”. “A gente identifica nas nossas análises que as necessidades, na maioria das vezes, são necessidades que têm em outros locais. Minhas pautas são nacionais, os problemas que nós temos aqui, nós temos em outras cidades, nos outros Estados”, defendeu.
O vereador ainda rebateu as críticas sobre sua frequência na Câmara Municipal e sobre o fato de parte da sua equipe não ser de Belo Horizonte. Na avaliação de adversários, isso impossibilitaria o parlamentar de conhecer as especificidades da capital mineira.
"Eu não tive nenhuma falta, sempre estou presente. Nós, por regra, nós precisamos estar lá nos primeiros 15 dias, é no período que tem as sessões parlamentares. Mas eu sempre estou na Câmara Municipal. Sobre conhecer Belo Horizonte, a gente atende a população. Então, eu tenho um contato muito próximo com a população nas minhas redes sociais. A gente entende as necessidades, isso chega até nós muitas vezes antes de chegar na prefeitura", pontuou.
Relação com o Podemos e Família Aro
Questionado sobre sua relação com o Podemos por conta do voto à presidência durante a eleição da Mesa Diretora, Ganem itiu que houve, sim, pressão para que ele votasse no correligionário Juliano Lopes (Podemos). O vereador, no entanto, afirmou que atualmente possui uma boa relação com a chamada "Família Aro" e com a legenda.
"Pressão tem. Mas eu preciso seguir o que a população espera de mim. Eu preciso seguir o meu viés político, os meus ideais. Mas hoje nosso presidente é o professor Juliano Lopes. É a ele que eu devo respeito, devo saudá-lo como presidente da Câmara", destacou Ganem, que afirmou ainda a intenção de permanecer filiado ao Podemos.
"Eu sou muito grato ao Podemos, principalmente, por ter me dado a legenda, por ter me dado a possibilidade de disputar essa campanha. Tenho uma boa relação com a nossa presidente nacional, a Renata Abreu. Tenho uma boa relação com os outros, porque todos os integrantes do nosso grupo fazem parte do Podemos. Não que isso seja um pré-requisito, mas eles fazem. A gente tem um contato muito bom dentro do partido", completou o vereador.