Eles não são necessariamente narigudos ou corcundas nem sacrificam animais em rituais macabros. Ser bruxo hoje é uma questão de engajamento, de atitude. “Para mim, é entender a conexão entre humanidade e a natureza, que vem desde os primórdios, mas que, na contemporaneidade, tornou-se um desafio para quem vive em centros urbanos. Minha vertente de prática vem dessa conexão com a terra”, explica Júlio Archanjo, bruxo, homem da medicina, condutor de cerimônias da terra, guardião do cacau e herbalista.
Para ele, trabalhar com esse conceito ancestral dentro da contemporaneidade é perceber que o contato com a divindade e com as forças dos elementais também evolui e se adapta a um cenário social, político, econômico. “A bruxaria é transgressora. Ser bruxo é entender que as canções, as vozes e as inspirações dos deuses ainda podem ser ouvidas, e o mais mágico é vê-las adaptadas à nossa realidade. A tecnologia é uma ferramenta divina, que facilita a informação, o contato e a troca com outras pessoas”, comenta Archanjo.
Ser bruxo moderno, diz ele, “é compreender e ouvir a linguagem dos deuses dentro do cenário em que vivemos, entender como a magia se manifesta mesmo em tempos em que a humanidade está tão distante da natureza”. “Magia, pra mim, é a essência que permeia tudo o que é vivo, é a força que habita todo ser que caminha sobre essa dimensão e além dela. É a força que impulsiona nosso coração e nossos desejos”, explica.
O bruxo considera que a magia está em todas as vertentes de crenças, uma vez que é a força que movimenta toda a camada de energia. “A magia é a força que desabrocha do coração do bruxo e faz com que a realidade possa ser moldada. É força que brota do campo energético e da canalização do poder dos elementos pelo próprio corpo, da expansão e da condensação dessas frequências. É a força que nos permite realizar aquilo que aos olhos das pessoas comuns possa parecer impossível”, afirma.
Archanjo ressalta que a magia confere autonomia. “Somos um reflexo da divindade. A força mágica que permeia todo o cosmo também está dentro de cada um de nós. Magia é a força que impulsiona toda criação e toda destruição, afinal são forças que, num primeiro momento, podem parecer antagônicas, mas são complementares”, diz.
Para ele, o bruxo contemporâneo “bebe em fontes ancestrais e em raízes culturais, mas também percebe o limiar entre essa conexão com os espíritos presentes nos lugares que habitam”. “Se os saberes que você busca dentro dessa conexão não te tornam alguém melhor, não faz sentido estar nesse caminho”, pondera.
A jornalista Ana Elizabeth Diniz escreve neste espaço às terças-feiras. E-mail: [email protected]
O que faz uma sacerdotisa wicca
O que é ser hoje uma sacerdotisa iniciada na religião wicca? “Ser uma sacerdotisa hoje pode parecer nadar contra a corrente, por ser um estilo de vida que privilegia não só nosso avanço espiritual, mas o de todas as pessoas num mundo em que, tristemente, o individualismo e o separatismo parecem estar ganhando cada vez mais espaço”, explica Alina Duran, bruxa e sacerdotisa iniciada na tradição wicca.
Para ela, optar por esse caminho dentro da wicca foi a escolha mais natural. “Isso por buscar o resgate de uma forma mais antiga de se relacionar com a divindade, que transcende o binômio bem e mal e questiona a ideia de um só deus exclusivamente masculino”, diz.
Ela conta que uma sacerdotisa wicca reconhece seus deuses nas manifestações da natureza e trabalha rituais religiosos, como as celebrações da roda do ano, composta de ritos conhecidos como sabbats, em que se celebram os ciclos das estações e das vidas dos praticantes. Também celebra casamentos, bênçãos de crianças e iniciações de novos membros, além de realizar ritos mágicos para diversos objetivos, como cura e proteção.
“Na wicca se acredita numa deusa-mãe que dá origem a tudo, e num deus com chifres, que representa a fertilidade, entre outras coisas. Imagens antigas representam o deus com chifres de cervo ou de alce e, em representações posteriores, de carneiro, touro e bode. Na maioria das vertentes da wicca, a deusa tem mais relevância do que o deus, e, nas demais ambos, têm relevância igual. (AED)
“Cartas trazem para o mundo visível o que está no invisível”
O tarô cigano é composto por 36 cartas, e cada tarólogo elege uma técnica com a qual tem mais afinidade e com o tempo de prática essa sintonia se fortalece. “A técnica é muito importante, mas o dom, a afinidade com o tarô e a intuição são essenciais para se fazer uma leitura eficiente e de resultados”, revela Adriane Calixto Viana, astróloga, taroterapeuta, numeróloga e terapeuta holística.
Antes que as cartas se revelem, Adriana dedica um tempo às orações. “Coloco-me receptiva à proteção, à luz e à inspiração dos protetores espirituais. Conto também com a força da natureza, por meio dos cristais e das plantas para elevar a vibração energética do ambiente”, comenta.
As cartas ciganas revelam questões emocionais, mentais, espirituais, afetivas, profissionais, familiares e de saúde. “As cartas trazem para o mundo visível o que está no invisível. A leitura das cartas possibilita identificar bloqueios internos e externos, obstáculos invisíveis à consciência do consulente, trazendo luz, esclarecimento, indicando possíveis caminhos, soluções, novas direções e possibilidades. Também sinaliza tendências futuras, de acordo com o livre arbítrio de cada um”, observa a taroterapeuta. (AED)