BRASÍLIA – O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), deflagrou, na manhã desta quinta-feira (12), uma operação contra esquema milionário envolvendo obras públicas do Governo do Distrito Federal, com pagamento de propinas a servidores públicos.

Entre os alvos estão servidores da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), empresa pública encarregada de obras do governo brasiliense. As investigações apuram a prática de crimes de corrupção ativa e iva, lavagem de capitais e formação de cartel.

Simulando concorrências para contratação de executores de obras públicas, empresas atuavam de forma combinada para garantir o rodízio dos contratos e o pagamento de vantagens ilícitas. Com isso, conseguiam contratos com sobrepreços, causando prejuízos aos cofres públicos.

O esquema, segundo apuração do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPDFT, ocorreu entre 2021 e 2022, no primeiro mandato do governador Ibaneis Rocha (MDB) – ele nem qualquer integrante da cúpula da sua istração são investigados. 

As empresas receberam R$ 316 milhões em recursos públicos, sendo R$ 112 milhões liberados diretamente pelo principal alvo da operação desta quinta, Francisco José da Costa, ex-diretor financeiro da Novacap, ainda de acordo com o Gaeco.

Francisco, que ainda é servidor da Novacap, comandaria o esquema em que servidores da companhia aceleravam pagamentos a empresas contratadas para a execução de obras. Em troca, receberiam 2% sobre o valor bruto pago às empresas. Só Francisco teria ganho R$ 2,2 milhões em propina, segundo o Gaeco.

Na Operação Coringa, promotores e policiais civis cumpriram 28 mandados de busca e apreensão no DF e no Piauí. A Justiça do DF determinou ainda o afastamento de Francisco da função que ocupava na Novacap e o bloqueio de bens dele e dos demais investigados, incluindo imóveis, veículos, valores em contas bancárias, uma aeronave e uma embarcação.

Durante o cumprimento de um dos mandados, os promotores encontraram cerca de R$ 1 milhão em espécie em uma caixa de papelão no supermercado De Casa, que pertence a um parente de Francisco. Irmãs dele também são alvo.

Francisco já havia sido alvo de operações do MPDFT, em 2022 e em 2024, quando foram apurados crimes de corrupção e organização criminosa. No entanto, ele permaneceu no cargo na companhia até 2025 e não houve nenhuma medida para evitar a sua permanência no esquema.

Até a mais recente atualização desta reportagem, a Novacap e o Governo do Distrito Federal não haviam se manifestado.