BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa, na manhã desta quarta-feira (8), de uma cerimônia em memória aos atos de 8 de janeiro de 2023, que invadiram e vandalizaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília. O evento marcou o retorno e a recolocação de 21 obras de arte e objetos históricos que foram danificados pelos invasores há exatamente dois anos.
No primeiro momento da cerimônia, no Palácio do Planalto, foi feita a reintegração do relógio histórico de Balthasar Martinot Boulle, feito no século XVII e dado de presente pela corte sa para Dom João VI, então rei de Portugal. O objeto foi levado para o Brasil em 1808, junto com a família real portuguesa. É uma das obras mais antigas que compõem o acervo da Presidência da República.
A reparação foi feita na Suíça por meio de um Acordo de Cooperação Técnica com a Embaixada suíça. Segundo o Palácio do Planalto, a empresa de relojoaria do país europeu, Audemars Piguet, se ofereceu para o trabalho e arcou com os custos técnicos e de transporte. Não houve custos para os cofres brasileiros.
O discurso de abertura da cerimônia foi feito pela primeira-dama Janja da Silva, que disse que o país foi alvo de um golpe de Estado, e que o Planalto foi vítima do "ódio" no 8 de janeiro. Já a ministra da Cultura, Margareth Menezes, classificou como "aterrorizante" a "tentativa de golpe" e fez referências ao governo Jair Bolsonaro.
“Tínhamos acabado de assumir o governo e o povo ainda festejava a esperança de sair da era do descaso, da destruição, do maltrato, da mentira, da falta de conhecimento, da burrice, da sabujice indecorosa, do desamor e do desrespeito da cultura e da diversidade do povo brasileiro”, afirmou.
Ânfora italiana
No primeiro ato da cerimônia, Lula também reinaugurou uma ânfora italiana em cerâmica esmaltada, uma espécie de vaso, fragmentada em pelo menos 180 pedaços após o 8 de Janeiro. Entre as técnicas utilizadas para a restauração, estão a modulação por computador e o uso de moldes de silicone para reprodução.
Neste caso, a restauração foi feita em um laboratório montado no Palácio da Alvorada, composto por profissionais do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), tida como referência nesse tipo de trabalho. O custo foi de R$ 2,2 milhões aos cofres públicos.
Pintura de Di Cavalcanti
No segundo momento da solenidade desta quarta-feira, Lula fará o descerramento do quadro "Mulatas", de Emiliano Di Cavalcanti. Trata-se de um quadro com mais de 3,5 metros de largura por 1,2 metro de altura, que sofreu pelo menos sete perfurações no 8 de janeiro.
Esta é a maior obra, em tamanho, do acervo da Presidência. Segundo os restauradores, foi possível reparar todos os danos feitos na obra, mas na parte de trás do quadro, ainda ficaram “cicatrizes”.
Logo depois, alunos de um projeto de Educação Patrimonial do Distrito Federal irão entregar ao presidente Lula cinco réplicas que produziram da ânfora e de As Mulatas.
Confira a lista com todas as 21 obras restauradas no Palácio do Planalto:
- Relógio de mesa, de Balthazar Martinot e André Boulle
- Ânfora italiana em cerâmica esmaltada
- Escultura O Flautista, de Bruno Giorgi
- Escultura Vênus Apocalíptica Fragmentando-se, de Marta Minujín
- Quadro com a pintura Mulatas, de Emiliano Di Cavalcanti
- Quadro com pintura do retrato de Duque de Caxias, de Oswaldo Teixeira
- Quadro representando galhos e sombras, de Frans Krajcberg
- Quadro com a pintura Fachada Colonial Rosa com Toalha
- Quadro com a pintura Casarios, de Dario Mecatti
- Quadro com a pintura Cena de Café, de Clóvis Graciano
- Quadro com a pintura Paisagem, de Armando Viana
- Pintura de Glênio Bianchetti
- Pintura de Glênio Bianchetti
- Pintura de Glênio Bianchetti
- Pintura de Glênio Bianchetti
- Pintura de Glênio Bianchetti
- Quadro com a pintura Matriz e Grade no primeiro plano, de Ivan Marquetti
- Quadro Rosas e Brancos Suspensos, de José Paulo Moreira da Fonseca
- Tela Cotstwold Town, de John Piper
- Tela de Grauben do Monte Lima
- Tela Bird, de Martin Bradley