BRASÍLIA — Com nomes que não vingaram, a corrida pela presidência da Câmara dos Deputados começou com um ano de antecedência, enquanto a eleição que definirá o ocupante do cargo, seus vices e secretários acontecerá apenas neste sábado (1º).

Apenas três nomes concorrerão, e a vitória de um deles — Hugo Motta (PB), líder do Republicanos — é tratada como certa. Há, ainda, expectativa que ele quebre o recorde de Arthur Lira (PP-AL) eleito no último pleito com inéditos 464 votos.

Motta é apoiado por 18 partidos que compõem a Câmara e representam um contingente de 495 deputados. As únicas duas legendas que não o apoiam são Partido Novo e Psol, que optaram por lançar candidatos próprios.

Pelo Novo concorrerá Marcel Van Hattem (RS), e Pastor Henrique Vieira (RJ) será o nome do Psol.

Veja abaixo quem são os candidatos:

Hugo Motta

Líder do Republicanos na Câmara dos Deputados, Hugo Motta é o favorito. Paraibano no quarto mandato, ele é tratado como uma opção consensual pelas maiores legendas.

União Brasil e PSD que, à primeira vista, pretendiam lançar Elmar Nascimento (BA) e Antonio Brito (BA) como candidatos, decidiram abdicar do pleito em prol de Motta — nome que revirou o tabuleiro da corrida eleitoral em setembro.

Até o início daquele mês, os nomes de três candidatos circulavam nos bastidores da Câmara: além de Elmar e Brito, Marcos Pereira — eleito por São Paulo, ele é querido pela bancada evangélica e é presidente do Republicanos.

Em uma jogada que enfraqueceu os adversários, Pereira abriu mão da disputa e lançou o nome de Hugo Motta, que logo angariou apoio de um amplo espectro de partidos — do PT de Lula ao PL de Jair Bolsonaro. Lira, contrariando a tendência de indicar o amigo e aliado Elmar para sucedê-lo no cargo, decidiu apoiar Motta.

Com o avanço das articulações, Brito desistiu da disputa, e o União Brasil pressionou Elmar a deixar a corrida. Assim, Motta virou o favorito.

Se as previsões se confirmarem, ele se tornará o presidente mais jovem da história da Câmara dos Deputados — em 2010, foi também o deputado mais jovem, eleito aos 21 anos. Além de Lira, Hugo Motta carrega entre seus aliados Eduardo Cunha e o senador Ciro Nogueira (PP-PI).

Marcel Van Hattem

A candidatura de Marcel Van Hattem era aguardada antes do anúncio feito por ele. O Partido Novo tradicionalmente concorre à presidência da Câmara com candidato próprio.

Ainda que a bancada conte apenas com quatro deputados, Van Hattem acredita que terá um bom contingente de votos de deputados da direita que não concordam com o apoio de seus partidos a Hugo Motta — entre eles, parlamentares do PL.

Esta é a terceira eleição para a presidência da Câmara que Van Hattem concorrerá. Na primeira, em 2021, ele recebeu 13 votos e terminou o pleito em quinto lugar — à ocasião, Lira foi eleito para o primeiro mandato como presidente, tendo recebido 302 votos. Na eleição seguinte, em 2023, Van Hattem contou 19 votos; Lira foi reeleito com 464.

Para a eleição de sábado, Van Hattem colocou banners na Câmara dos Deputados firmando compromissos com o impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), anistia para “perseguidos políticos” e redução da carga tributária.

Pastor Henrique Vieira

A cada biênio, o PSOL também opta por lançar candidatos próprios na disputa pela presidência na Câmara. A opção feita pelos dois partidos não interfere negativamente na força de ambos no Legislativo, porque, dada a representação, não costumam pleitear cargos na Mesa Diretora ou em colegiados importantes.

Para a eleição de sábado, o partido decidiu indicar o Pastor Henrique Vieira. O programa do partido é contra a anistia para presos no 8 de Janeiro e apoia a “transparência das pautas em debate”. Vieira também propõe a extinção das emendas de comissão — alvo de divergências entre o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF).

Na última eleição, o Psol lançou o deputado Chico Alencar (SP). Ele terminou o pleito em segundo lugar e angariou 21 votos. Antes, em 2021, o partido concorreu com Luiza Erundina (SP), que angariou 19 votos.