Juliano Lopes Lobato é presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte
Na sua formatura, quem você quis ou quer ver ali na plateia? E no seu casamento? No nascimento dos filhos? Quem são as pessoas que você deseja por perto?
Quando alcançamos um momento significativo na vida, que representa o resultado de anos de trabalho e dedicação, é natural desejarmos compartilhá-lo com quem esteve ao nosso lado durante a jornada. São essas pessoas – família, amigos, mentores, parceiros profissionais – que conhecem o caminho que trilhamos e os percalços que encontramos em meio a ele.
Na vida pública não deveria ser diferente. Por trás de cada cargo, cada posição de liderança, existe uma pessoa com sua história, crenças, raízes e afetos. E são justamente essas conexões que nos lembram a quem devemos servir.
Eu sou nascido no Barreiro. Foi ali, na região que é um dos maiores polos industriais do nosso Estado, que fui criado. Com muita dedicação e empenho, não somente da minha mãe, Dona Sônia, como também dos tios e avós, que me ensinaram o valor da família e do trabalho.
Foi baseada nesses valores que, bem cedo, a minha vida profissional começou. E foi com muita luta que obtive o meu diploma em educação física e, posteriormente, aprofundei minha preparação para a vida pública com pós-graduação em gestão pública de projetos sociais. Foi minha formação – aliada à paixão pelos esportes – que me abriu as primeiras portas e permitiu que eu chegasse até aqui.
Minha trajetória política também foi marcada pelas batalhas. Iniciou-se com uma derrota eleitoral, o que me fortaleceu e me fez ter ainda mais clareza de quem são meus amigos. Depois disso, vieram quatro eleições vitoriosas como vereador. Neste ano, ainda tive a honra de ser eleito para presidir o Parlamento e até me tornei prefeito interino de Belo Horizonte.
Eu não teria chegado até aqui sozinho. Ai de mim se não fossem as mãos estendidas. As mãos de Deus, com tantas bênçãos. As mãos dos meus familiares, que sempre estiveram dispostas a me sustentar. As mãos dos meus eleitores, que depositaram nas urnas o voto em mim. As mãos do Marcelo Aro, meu amigo e líder político, que me conduz com tanta sabedoria. As mãos daqueles que fazem parte do meu grupo político e dos meus colegas de partido, que tanto trabalharam para que saíssemos vitoriosos. As incansáveis mãos do meu time. As mãos dos meus colegas, que me levaram à presidência. As mãos do prefeito Álvaro Damião, que gentilmente me cedeu de forma interina o cargo, me dando o privilégio de ser prefeito de uma das maiores capitais do Brasil – e a melhor, na minha opinião.
Assumir tal cargo foi um momento que transcendeu a dimensão profissional. Uma conquista que desejei compartilhar com aqueles que sempre acreditaram em mim, aquele cara que veio de um bairro periférico e começou do zero!
Em apenas cinco dias à frente da prefeitura, discuti incontáveis assuntos fundamentais para a cidade, visitei áreas de alagamento e sancionei duas leis importantes: a lei que cria 40 novos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) e a lei que reconhece oficialmente o Carnaval de Belo Horizonte como manifestação artístico-cultural popular e democrática. Recebi parlamentares de diferentes partidos, dialoguei com todo o secretariado e atendi representantes de diversas entidades da sociedade civil. Mantive as portas abertas a todos.
E sim, recebi minha família. Também recebi colegas que caminharam comigo e suplentes que fazem parte da nossa construção coletiva. Porque a política só faz sentido quando não perdemos a humanidade, não nos esquecemos de onde viemos e de quem nos ajudou.
Uma das lições mais valiosas que aprendi na vida pública é que as instituições são feitas de pessoas que precisam de conexões significativas para manter-se alinhadas a um propósito. Quando perdemos essa dimensão humana da política, corremos o risco de nos tornar burocratas, desconectados das realidades que juramos transformar.
Rezo para que esse mal nunca me ocorra. Que eu nunca me esqueça daquilo que realmente importa!
Agradeço a Deus pelo privilégio de ocupar esta cadeira tão relevante. Agradeço também, sincera e profundamente, a cada um dos que me estenderam as mãos. Jamais me esquecerei, e a minha gratidão não prescreverá.
Em um dos dias mais importantes da minha vida, escolhi ter ao meu lado aqueles que sempre estiveram comigo nos dias comuns, nos dias difíceis. E continuarei com as portas abertas – para minha família, colegas de jornada e cada cidadão de Belo Horizonte. Porque a prefeitura não pertence a nenhum de nós individualmente – ela é de todos nós, coletivamente.
Juliano Lopes Lobato é barreirense, fundador do projeto Academia Móvel, professor de Educação Física, vereador apaixonado por BH e presidente da Câmara Municipal. Ele escreve quinzenalmente em O TEMPO.