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Juliano Lopes

Juliano Lopes Lobato é barreirense, fundador do projeto Academia Móvel, professor de Educação Física, vereador apaixonado por BH e presidente da Câmara Municipal. Ele escreve quinzenalmente em O TEMPO.

JULIANO LOPES

Mobilidade urbana em BH: caminhos para o futuro

PlanMob propõe sistema mais eficiente, seguro e inclusivo

Por Juliano Lopes
Publicado em 28 de maio de 2025 | 07:00

Juliano Lopes Lobato é presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte

A mobilidade urbana é um dos temas mais urgentes e cotidianos para quem vive em Belo Horizonte. Com mais de 2,5 milhões de habitantes e uma frota crescente de veículos, a cidade convive com superlotação nos ônibus, congestionamentos crônicos, insegurança para pedestres e ciclistas, além de tarifas elevadas e uma ampliação do metrô, que ainda não saiu efetivamente do papel. Nesse contexto, discutir soluções deixou de ser uma opção e se tornou uma obrigação.

O sistema de transporte coletivo da capital é alvo frequente de críticas. Ônibus lotados, atrasos constantes, veículos mal conservados e tarifa alta, que chega a R$ 5,75, dificultam o o da população a um serviço essencial. A tão sonhada expansão do metrô permanece como um desafio estrutural. Ainda assim, há um movimento crescente para que a obra avance e finalmente se integre ao sistema de ônibus, formando uma rede mais eficiente.

Outro ponto sensível é a mobilidade ativa. Caminhar ou pedalar em Belo Horizonte ainda é um ato de resistência. A falta de ciclovias, as calçadas inadequadas e o desrespeito às regras de trânsito comprometem a segurança de quem opta por meios não motorizados. Soma-se a isso a falta de ibilidade, pois os idosos e pessoas com deficiência enfrentam obstáculos diários para se deslocarem com autonomia.

Apesar dos desafios, algumas iniciativas já apontam para avanços. O Plano de Mobilidade Urbana de Belo Horizonte (PlanMob-BH) propõe diretrizes para um sistema mais eficiente, seguro e inclusivo. Entre as metas estão a ampliação do transporte coletivo, o estímulo ao uso da bicicleta, a melhoria das calçadas, a integração tarifária com bilhetagem unificada e a renovação da frota com veículos híbridos ou movidos a combustíveis limpos.

Além disso, o uso de tecnologia vem ganhando espaço. Ferramentas como semáforos inteligentes, aplicativos de mobilidade e sistemas de monitoramento em tempo real buscam aumentar a fluidez e a segurança no trânsito urbano. 
Nesse cenário, a Câmara Municipal instalou uma Comissão Especial para analisar o atual contrato de concessão do transporte coletivo por ônibus, que expira em 2028. O objetivo é discutir um novo modelo para o sistema. Como presidente da Câmara, apoio firmemente essa iniciativa, que visa debater questões centrais, como a qualidade do serviço, a política tarifária, a bilhetagem eletrônica e as condições de trabalho dos profissionais do setor.

A prefeitura já declarou que não pretende renovar o contrato vigente. Isso abre a oportunidade de estabelecer nova licitação, com cláusulas mais exigentes, como a inclusão de ônibus com ar-condicionado, definição de metas de qualidade e aplicação de sanções em caso de descumprimento. A comissão tem promovido audiências com técnicos da BHTrans, representantes da Superintendência de Mobilidade Urbana e das próprias concessionárias, com o objetivo de construir um novo modelo que seja eficiente, transparente e orientado pelas necessidades da população. 

Mais do que uma mudança istrativa, o novo contrato precisa representar uma nova visão de cidade, mais inclusiva, sustentável e com um transporte coletivo tratado como direito essencial. As decisões tomadas agora terão reflexos diretos na qualidade de vida da população e no desenvolvimento urbano de BH pelos próximos anos. 

O futuro da mobilidade depende de planejamento, inovação e, acima de tudo, vontade política. Investir em transporte coletivo de qualidade é investir em justiça social, em saúde urbana e em cidadania. Com diálogo, responsabilidade e compromisso, Belo Horizonte pode avançar rumo a um modelo de mobilidade mais eficiente, ível e humano.