O adeus da levantadora Ana Cristina: 'O vôlei me ensinou tudo e não me arrependo de nada'
Trinta anos de carreira: 'Foi uma junção de fatores, no esporte o corpo já não respondia tão bem quanto a mente queria e as dificuldades físicas começaram a pesar'
O vôlei com conhecimento e independência jornalística
Aos 42 anos, a levantadora Ana Cristina Porto decidiu encerrar a carreira.
A última edição da Superliga, disputada com a camisa de Barueri, encerra uma trajetória de 30 anos nas quadras pelo mundo afora.
Ana ou por Osasco, São Caetano, Brasília, Pinheiros, Flamengo, Mackenzie, entre outros.
A experiência de 3 temporadas na Suíça está no currículo.
Ana crava que a decisão ou pelo corpo, mente e necessidade de estar ao lado da família.
'Foi uma junção de fatores, no esporte o corpo já não respondia tão bem quanto a mente queria e as dificuldades físicas começaram a pesar'.
O blog conversou com a levantadora.
Ana Cristina ite que amadureceu naturalmente a ideia da aposentadoria, diz que jamais esperava jogar até 42 anos e desconhece arrependimento.
'Não me arrependo de nada'.
A levantadora elogia as mudanças no esporte adotadas pela FIVB, fala dos momentos marcantes, frustrações, lição e futuro:
'O vôlei me ensinou tudo. Hierarquia, respeito, educação, disciplina, perseverança, resiliência e competitividade'.
Por que você decidiu encerrar a carreira?
Foram mais de 30 anos dedicados ao vôlei que me deu tudo, mas, ao mesmo tempo, a gente abdica de várias coisas pessoais, então senti que também estava na hora de voltar para casa, ajudar meus pais, conviver com a família, estar mais próxima de quem eu amo!.
Como e de que maneira essa ideia foi amadurecendo na sua cabeça?
Foi uma junção de fatores. No esporte o corpo já não respondia tão bem quanto a mente queria e as dificuldades físicas começaram a pesar. E como eu disse acima, pessoalmente a distância dos meus familiares e tanto tempo longe de casa. Então chegou o momento de retribuir tudo que eles me deram durante esse longo período longe.
Quando começou a jogar vôlei esperava estar em quadra até os 42 anos?
Nunca. Comecei a jogar por uma brincadeira de criança com minha irmã aos 8 anos, aos 12 fui federada e depois disso as coisas começaram a dar certo. Chegaram as convocações para seleção mineira, depois brasileira, militar e convites para grandes times e isso foi me estimulando a continuar. E graças a Deus, deu muito certo.
Quais foram os momentos mais marcantes na sua trajetória?
São muitos, mas com certezas os títulos sempre marcam mais. Então teve o título do mundial juvenil, conquistas estaduais e nacionais com os clubes e mundiais militares. E também uma marca triste, mas que fez parte da minha trajetória, que foi o acidente com o ônibus do Vôlei Futuro (extinto time de Araçatuba) onde tínhamos totais chances de título, um time maravilhoso, repleto de selecionáveis e estava no elenco.
E decepções ou frustrações nesse caminho?
Sempre existem, mas fazem parte do caminho do atleta, ficar fora de jogos, não se dar bem com uma atleta ou técnico, rebaixamento, temporadas decepcionantes, mas o pior foi um corte na seleção brasileira infanto que me deixou fora dos jogos mundiais da juventude.
O que você não faria novamente ou não se arrepende de nada?
Não me arrependo de nada, acho que todos os caminhos, felizes ou tristes, servem de aprendizado e crescimento. As conquistas nos alegram porque sabemos que estamos no caminho certo. E as tristezas e as decepções nos fortalecem e nos impulsionam a seguir em frente.
Como viu as transformações do esporte nesses anos todos?
Ótimas. O vôlei melhorou muito com as mudanças da atual gestão da FIVB. Eu sou da época da vantagem, jogos de horas, cansativo. Não podia receber de toque, sacar só de um ponto da quadra, vejo que tudo foi para melhorar. O jogo ficou mais rápido, mais bonito de assistir.
O que o vôlei deixa de lição para sua vida pessoal?
O vôlei me ensinou tudo como hierarquia, respeito, educação, disciplina, perseverança, resiliência, competitividade, amor pelo que você faz e acho que vou precisar de tudo isso para seguir fora das quadras.
A Ana segue no esporte ou vai mudar de ramo?
Não consigo ficar longe do vôlei e espero conseguir recomeçar nesse ramo, podendo ar tudo que aprendi com esse esporte maravilhoso e todas as lições de vida também. E para de jogar jamais, já posso jogar duas ou três categorias no master e é isso que vou fazer.
Qual mensagem que você deixa após 30 anos nas quadras pelo mundo afora?
Agradecer a todos que fizeram parte dessa minha trajetória vitoriosa, a cada time que ei, a cada técnico que trabalhei, a cada atleta que dividi as quadras e principalmente a todos os fãs que me acompanharam por tanto tempo.