Ao contrário de algumas tendências do setor financeiro no futebol brasileiro, os valores que envolvem os direitos de transmissão sofreram uma queda em 2024, se comparados aos números dos três anos anteriores. A temporada ada teve, somando as receitas de imagem de todas as competições de todos os clubes que disputaram o Brasileirão, R$ 3,34 bilhões gerados, contra R$ 3,28 de 2023. Uma pesquisa elaborada pela Galápagos Capital aponta os números e quais são os clubes que mais faturam com as transmissões.

Segundo o documento, que foi assinado pelo economista Cesar Grafietti, especializado em gestão e finanças no esporte, a temporada ada contou com algumas questões específicas que impactaram negativamente no alcance dos valores de direitos de transmissão e fez com que o número caísse.

Um desses pontos foi a ausência do Santos da Série A do Brasileirão. O Peixe é um clube de alcance nacional e que disputou a segunda divisão em 2024. A pesquisa da Galápagos ainda afirma que o Botafogo não disponibilizou dados que pudessem ser contabilizados de forma exata, o que pode alterar parcialmente a percepção de alguns números para o documento.

Esses direitos incluem todas as competições nacionais e internacionais, considerando os valores fixos pagos aos times e as variáveis relacionadas à classificação em cada competição, também chamado de performance. O aumento ou diminuição de cada time a, também, pelo desempenho que a equipe teve em campo em uma temporada comparada com a outra.

Receitas de direito de transmissão dos últimos cinco anos

  • 2020: R$ 2,14 bilhões
  • 2021: R$ 4,01 bilhões
  • 2022: R$ 3 bilhões
  • 2023: R$ 3,28 bilhões
  • 2024: R$ 3,24 bilhões

Por conta da queda de arrecadação geral, os clubes da Série A registraram uma diminuição nos direitos de transmissão individuais. Dos 20 times que disputaram a primeira divisão no ano ado, nove faturaram menos com as transmissões. O caso que chama mais atenção é o Fluminense, que em 2023 atingiu R$ 291 milhões, em uma temporada que terminou com o título da Libertadores daquele ano. Em 2024, um ano ruim e de briga contra o rebaixamento no Brasileirão, o tricolor carioca finalizou em R$ 167 milhões, uma queda de R$ 124 milhões.

O Botafogo viveu um cenário oposto. Em 2023, chegou a brigar pelo título do Brasileirão, mas terminou fora do G4, e não jogou a Libertadores naquele ano. Entretanto, em 2024, o alvinegro viveu uma temporada histórica com o título do nacional e da copa continental. A variação positiva do valor faturado de um ano para o outro foi dos mesmos R$ 124 milhões que o rival Fluminense deixou de ganhar.

Rodrigo Garro, Fabrizio Angileri e Memphis em duelo do Corinthians e do Santos pelo Campeonato Paulista, na Neo Química Arena. (Foto:Marcello Zambrana/AGIF)
Rodrigo Garro, Fabrizio Angileri e Memphis em duelo do Corinthians e do Santos pelo Campeonato Paulista, na Neo Química Arena. (Foto:Marcello Zambrana/AGIF)

Qual time brasileiro mais fatura com direitos de transmissão?

O líder do ranking em 2024, segundo o relatório da Galápagos, é o Flamengo. O rubro-negro carioca teve um crescimento de R$ 11 milhões em suas receitas de imagem e atingiu o total de R$ 454 milhões faturados. O time carioca é seguido pelo Corinthians, que apesar de uma diminuição nessa receita, ainda alcançou R$ 295 milhões. Segundo a pesquisa, os clubes tiveram o último ano o de receitas mínimas no pay-per-view.

Isso porque em 2022 os times fecharam um acordo de imagem com valores mínimos garantidos nos rees de pay-per-view entre 2019 e 2024. O contrato é diferente de outros clubes, que dependem do volume arrecadado com vendas a cada ano para garantir sua participação nos direitos de transmissão. Ou seja, esse mecanismo traz mais estabilidade para as duas equipes em comparação aos rivais.

Num movimento de crescimento, a dupla Ba-Vi também registrou números positivos na pesquisa de direitos de transmissão. O Vitória foi campeão da Série B eme 2023 e voltou a jogar a primeira divisão no ano ado, enquanto o Bahia, com a gestão do Grupo City, se estruturou e terminal como 8º colocado da tabela, com uma das cinco melhores médias de público nos estádios do Brasil. O Leão saiu aumentou em R$ 70 milhões essa receita, enquanto o Esquadrão teve um crescimento de 33%.

20232024Variação
Flamengo443 mi454 mi11 mi
Corinthians 334 mi295 mi-39 mi
Botafogo 161 mi285 mi124 mi
Atlético-MG 170 mi248 mi78 mi
Palmeiras 275 mi244 mi-32 mi
São Paulo 272 mi239 mi-33 mi
Grêmio202 mi179 mi-24 mi
Fluminense 291 mi167 mi-124 mi
Vasco 124 mi146 22
Internacional 177 mi142 mi-35 mi
Cruzeiro 107 mi138 mi31 mi
Fortaleza 117 mi118 mi1 mi
Bahia 80 mi113 mi33 mi
Juventude 34 mi94 mi60 mi
Vitória 21 mi91 mi70 mi
RB Bragantino 90 mi81 mi-9 mi
Criciúma 15 mi60 mi46 mi
Atlético-GO11 mi58 mi47 mi
Athletico-PR 84 mi58 mi-26 mi
Cuiabá78 mi56 mi-22 mi
*valores em milhões de reais e retirados do Relatório Convocados 2025, da Galápagos Capital
Kevin Serna disputa bola no jogo do Fluminense contra o Juventude
Juventude e Fluminense vivem realidades distintas quanto ao impacto dos direitos de TV no Brasil. (Foto: Luiz Erbes/AGIF)

Impacto nas finanças dos clubes

A pesquisa ainda mostra quais sãos os times mais "dependentes" das receitas de direitos de transmissão. Ou seja, ao analisar individualmente os clubes alguns dos times da Série A têm uma participação do seu orçamento que vem dos acordos de imagem.

Em 2024, o Juventude aparece como o clube que tem mais participação do faturamento com transmissão em seus números anuais. O clube gaúcho ocupa 70% das receitas totais com as transmissões. O top cinco fica completo com Criciúma (60%), Atlético-GO (53%), Botafogo (51%) e Vitória (49%).

Entre os clubes que menos dependem de direitos de transmissão, estão o Athletico-PR (12%), RB Bragantino (16%), Palmeiras (22%), Fluminense (24%) e Cuiabá (25%). Essa pouca participação dos acordos com as TVs tem motivações diferentes a cada clube. Como foi citado, o Fluminense teve uma queda brusca de 2023 para 2024 e, por isso, ou a ter uma pouca participação em percentual diante de suas receitas gerais.

O Athletico-PR, por outro lado, é um clube que não fechou acordos com grandes grupos de TV e tinha seus jogos transmitidos, em sua maioria, em plataformas digitais, o que tornou o Furacão um time que teve pouca relevância nas cifras relacionadas aos direitos de transmissão em competições nacionais, restando apenas os acordos para competições continentais, como a Sul-Americana, disputada pelo time paranaense no ano ado.