O Atlético teve um aumento bastante considerável de suas despesas financeiras nos últimos cinco anos, saltando de R$ 26 milhões para R$ 219 milhões, aumento de 842%, o que ajuda a explicar também a situação cada vez mais delicada do clube quando se trata de finanças. Alguns fatores ajudam a explicar esse aumento tão acintoso.
Primeiro, é importante entender o que são despesas financeiras. Basicamente, qualquer gasto relacionado à obtenção e manutenção de recursos que não estão ligados ao futebol. Ou seja, salários e contratações de atletas não entram na conta, mas correções monetárias, encargos e juros sobre empréstimos sim.
Segundo o Relatório Convocados, do economista Cesar Graffieti, o Atlético saiu de R$ 26 milhões de despesa financeira em 2020 para R$ 219 milhões em 2024. O salto aconteceu em 2022, de R$ 20 milhões para R$ 104 milhões, quando dois fatores influenciaram muito: um novo empréstimo para finalizar as obras da Arena MRV e o aumento da taxa Selic, que era de 2% em 2020 e chegou a 13,75% em 2022. Atualmente ela é ainda maior, de 14,75%.
Em resumo, o Atlético, que sempre teve uma grande dívida por empréstimos, que por si só já deixava as despesas altas, teve que pegar novos aportes com bancos e viu os juros darem um grande salto em menos de um ano.
O Atlético não é o único clube que teve aumento nas despesas financeiras. Segundo o relatório, o futebol brasileiro aumentou em mais de 400% esse quesito nos últimos cinco anos. O time que mais sofre com essa despesa hoje é o Corinthians, que saiu de R$ 72 milhões em 2020 para R$ 369 milhões, aumento de mais de 500%.
Relatórios têm divergências
O Relatório Convocados e do próprio Atlético, que foi divulgado há algumas semanas, traz divergências quanto aos valores de despesas financeiras. No do Galo, que destaca renegociação da taxa de juros de CDI + 8% para CDI +4%, o clube exalta uma diminuição no resultado financeiro, de R$ 275 milhões em 2023 para os R$ 119 milhões em 2024.
Pelo relatório do Galo, o aumento em cinco anos cai para 684%, já que os números dos anos anteriores também possuem divergência. Confira:
Em seu relatório, o Atlético detalhou o quanto ainda deve de empréstimos bancários e pela Arena MRV. Com bancos, o valor saltou de R$ 462 milhões para R$ 507 milhões, representando 53% da dívida. Já o do estádio caiu de R$ 527 milhões para R$ 446 milhões.