O consumo de bebidas energéticas está em alta no Brasil. No ano ado, cerca de 22 milhões de domicílios aram a incluir o produto na rotina, o que representa uma presença em 38% das casas brasileiras. A tendência se estende também ao consumo fora de casa, com 9 milhões de novos compradores impulsionando o crescimento da categoria em diversos contextos. Os dados foram divulgados pela Kantar, na última semana.
A pesquisa revelou ainda que, mesmo com um aumento de 4% no preço, os consumidores mantiveram o ritmo e, em muitos casos, ampliaram a quantidade comprada. O volume por viagem cresceu 3%, com destaque para pessoas das classes A e B, acima dos 40 anos. As embalagens maiores, como latas acima de 400 ml e garrafas PET de até 2 litros, foram as preferidas, e os pontos de venda mais usados são os hipermercados e atacarejos, principalmente nas regiões Sudeste, Norte e Nordeste do país.
Nas ruas, o cenário também chama atenção. Energéticos aram a fazer parte da rotina de 22% dos brasileiros fora do lar, sendo os jovens de até 29 anos das classes C, D e E os principais consumidores. A maioria das compras ocorre em canais de impulso, como ambulantes, além de supermercados e hipermercados, especialmente em regiões metropolitanas do Sul e da Grande Rio de Janeiro.
Mas, junto com a popularidade, vem um alerta: o consumo excessivo dessas bebidas pode representar riscos graves à saúde do coração. Segundo o cardiologista Caio Ribeiro, do Hospital Semper, o problema está nas altas doses de cafeína e outros estimulantes presentes nos energéticos, como taurina e extrato de guaraná. “Essas substâncias podem desencadear arritmias, elevar a pressão arterial e aumentar significativamente o risco de infarto, especialmente em pessoas com predisposição a doenças cardiovasculares”, explica. Ele ressalta que a sobrecarga no sistema cardiovascular também pode causar taquicardia, fibrilação atrial e até taquicardias ventriculares.
Conforme o especialista, a recomendação para adultos saudáveis é não ultraar 400 mg de cafeína por dia — o equivalente a uma ou duas latas de energético, dependendo da marca. Já indivíduos com hipertensão, arritmias ou problemas cardíacos devem evitar completamente ou consumir apenas com orientação médica. O consumo também não é indicado para adolescentes, gestantes e mulheres que estão amamentando.
Além dos riscos imediatos, o uso frequente pode causar dependência de cafeína, com sintomas como irritabilidade, fadiga e dores de cabeça quando o consumo é interrompido. "A longo prazo, o consumo crônico pode desregular o sono, provocando insônia e comprometendo a recuperação cardíaca, além de aumentar persistentemente a pressão arterial, elevando o risco de AVC e insuficiência cardíaca. Também pode causar danos ao endotélio vascular, favorecendo a aterosclerose, e aumentar a propensão a transtornos de ansiedade, que podem agravar condições cardiovasculares”, ressalta.
Ribeiro destaca que, entre os sinais de alerta estão palpitações, dores no peito, tontura, insônia, tremores e nervosismo excessivo. Para quem busca energia no dia a dia, o cardiologista recomenda alternativas mais saudáveis, como sono de qualidade, alimentação balanceada, atividade física regular, hidratação adequada e o consumo moderado de bebidas como café ou chá verde, que oferecem os benefícios da cafeína em doses mais equilibradas.