Ao menos 18 militares participaram direta ou diretamente dos ataques aos três poderes em Brasília. A lista inclui aqueles flagrados e presos na invasão e depredação de 8 de janeiro, os que estavam nos atos mas conseguiram escapar do flagrante e agora são investigados pelas suas corregedorias, além de homens e mulheres apontados como organizadores e financiadores dos atos.
Entre eles estão agentes da ativa e da reserva, das polícias militares, dos corpos de bombeiros e das Forças Armadas, que ainda não se pronunciaram sobre os atos do dia 8. Nem todos estão presos e tiveram os nomes divulgados. Corregedorias dos estados resistem em fornecer informações.
Os nomes de policiais que aparecem na lista de presos em flagrante no dia 8 e tornada pública pela Secretaria de istração Penitenciária do Distrito Federal, incluem Ednaldo Teixeira Magalhães, sargento da PM do DF; e o sargento Rogério Caroca Barbosa e a major Onilda Patrícia de Medeiros Silva, ambos aposentados pela PM na Paraíba.
Rogério Barbosa tem 57 anos e é 2º sargento aposentado e usava as redes sociais para exaltar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e atacar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Onilda Silva tem 52 anos e é major aposentada. Ela postou foto de um dos acampamentos de bolsonaristas em frente a um quartel, além de várias fotos e vídeos a favor de Bolsonaro e contra Lula.
Já das Forças Armadas, entre os mais de mil presos no dia dos ataques constam os nomes do subtenente reformado do Exército José Paulo Fagundes Brandão, do capitão-de-mar-e-guerra (Marinha) reformado Vilmar José Fortuna e do ex-cabo da Aeronáutica Arthur de Lima Timóteo – deixou a corporação em meados de 2022 após concluir o período de oito anos de serviço.
O bombeiro militar Roberto Henrique de Souza Júnior foi preso pela Polícia Federal (PF) em operação realizada em Campos dos Goytacazes (RJ), na segunda-feira (17), que mirava financiadores dos ataques em Brasília.
Militares respondem processo em liberdade
O sargento Silvério Santos, policial militar da ativa em Goiás, é alvo de uma investigação interna por ter participado dos atos na capital federal. Ele responde ao procedimento em liberdade.
No caso do coronel da reserva do Exército Adriano Camargo Testoni, que gravou vídeos na marcha contra as instituições democráticas xingando generais e o Alto Comando do Exército, já foi indiciado por injúria.
O Exército informou que concluiu na sexta-feira (13) um inquérito policial militar (IPM) aberto para apurar a participação de Testoni na invasão das sedes dos três poderes, em Brasília.
Testoni foi exonerado do cargo que ocupava no Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília. Ele atuava como assessor da Divisão de Coordenação istrativa e Financeira do HFA. No entanto, continua recebendo o salário de reservista do Exército.
Comandante-geral da PM do DF é acusado de omissão
O comandante-geral da Polícia Militar do DF à época dos ataques, Fábio Augusto Vieira, e o ex-secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, foram presos na semana que sucedeu os ataques criminosos na Praça dos Três Poderes. Torres não é militar, mas é delegado de carreira da PF e foi ministro da Justiça do governo Bolsonaro.
Policiais militares e integrantes da Guarda do Batalhão Presidencial, formada por homens do Exército, também são suspeitos de conivência e omissão com criminosos que invadiram as sedes dos três poderes. Enquanto poucos agiram para evitar as invasões e depredações, muitos foram vistos de braços cruzados.
Um grupo de cerca de dez policiais militares do DF foi filmado conversando com bolsonaristas e registrando imagens da invasão ao Congresso em seus celulares, ao lado de viaturas, sem nenhuma ação para conter a ação extremista. Outros foram filmados tomando água de côco, enquanto os prédios públicos eram destruídos e PMs da Tropa de Choque eram atacados com paus e pedras – ao menos 44 ficaram feridos, além de um cavalo da tropa.
Em depoimento, bolsonaristas presos no complexo penitenciário do DF afirmaram ter recebido ajuda de militares das Forças Armadas para tentar escapar de flagrante, tanto no Palácio do Planalto quanto no Quartel General do Exército, que, entre outros, serviu de abrigo ao trio acusado de colocar uma bomba sob um caminhão carregado com querosene de aviação, perto do aeroporto de Brasília.
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, segue afastado do cargo por decisão da Justiça, referendada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ele é advogado e foi presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB-DF).
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