BRASÍLIA – O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes negou nesta quinta-feira (5) o pedido da defesa do general Walter Braga Netto para suspender os interrogatórios dos réus do chamado “núcleo 1” da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022. 

As oitivas estão mantidas para começar na próxima segunda-feira (9) e devem se estender até sexta-feira (13), incluindo depoimentos do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros ex-altos funcionários do governo aliados a ele.

Na decisão, Moraes foi direto ao descartar os argumentos apresentados pela defesa de Braga Netto, que alegava que a oitiva de novas testemunhas de outros núcleos de denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) deveria preceder os interrogatórios. 

Para o ministro, a solicitação não apresenta lógica diante de ações anteriores da defesa do general.

“Não há justificativa legal, nem tampouco razoabilidade, em se suspender a realização dos interrogatórios da presente ação penal para aguardar a oitiva de testemunhas arroladas em outras ações penais e que, jamais foram consideradas necessárias, pertinentes e importantes pela Defesa de WALTER SOUZA BRAGA NETTO, que repita-se, poderia tê-las arrolado, uma vez que, das 40 (quarenta) testemunhas possíveis, somente arrolou 5 (cinco) testemunhas”, escreveu Moraes em seu despacho.

Delator da denúncia, Mauro Cid será o primeiro interrogado

Os interrogatórios são parte de uma das etapas mais esperadas do inquérito, que apura a atuação de uma organização supostamente coordenada para promover um golpe após as eleições de 2022. A Procuradoria-Geral da República acusa os investigados de tentar manter Bolsonaro no poder por meios ilegais, após sua derrota nas urnas.

Além de Braga Netto, serão ouvidos Mauro Cid (delator e ex-ajudante de ordens da Presidência); Alexandre Ramagem (deputado e ex-diretor da Abin); Almir Garnier Santos (ex-comandante da Marinha); Anderson Torres (ex-ministro da Justiça); general Augusto Heleno (ex-chefe do GSI); Jair Bolsonaro (ex-presidente) e Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa).

As sessões devem ocorrer na sala de audiências da Primeira Turma do STF e fazem parte da reta final da instrução processual dos acusados apontados como o núcleo estratégico da suposta trama golpista.