BRASÍLIA - O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), solicitou à Polícia Federal (PF) ouvir o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) sobre a ligação feita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) antes do depoimento do ex-vice-presidente à Corte.

O pedido foi feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao STF após a imprensa divulgar que Bolsonaro havia telefonado ao senador para "orientar" o depoimento dele no inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado em 2022. 
 
Em sua decisão, na segunda-feira (2), Moraes deu 15 dias para a PF ouvir os “esclarecimentos” de Mourão acerca da ligação de Bolsonaro, “sem prejuízo de diligências adicionais”.

“Após a autuação, ENCAMINHEM-SE OS AUTOS à Polícia Federal para que proceda a oitiva do senador general Antônio Hamilton Martins Mourão para prestar esclarecimentos sobre os fatos, sem prejuízo de diligências adicionais, no prazo de 15 (quinze) dias”, escreveu Moraes em seu despacho.

Bolsonaro teria ligado para Mourão, antes do depoimento do senador no inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado. No telefonema, o ex-presidente teria pedido ao senador que destacasse, no depoimento, alguns pontos que ele considerava importantes para sua defesa.

Após a divulgação da notícia, Mourão afirmou que a conversa entre ele e Bolsonaro durante o telefonema teria sido “genérica”.

'Não somos dois bandidos', disse Mourão no depoimento

Em seu depoimento, no dia 23 de maio, o ex-vice-presidente da República negou qualquer envolvimento na suposta tentativa de golpe de Estado e disse jamais ter recebido ordens para agir contra a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Mourão também comentou sobre informação prestada pela delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, de que Mourão foi monitorado por militares pela possibilidade de se reunir com o ministro Alexandre de Moraes. Ele disse que, se fosse se reunir com Moraes, ia avisar ao então presidente, porque não havia motivos para se esconder.

“Se eu tivesse que me encontrar com vossa excelência, eu falaria com o presidente Bolsonaro: ‘vou conversar com o ministro Alexandre de Moraes’. Não temos nada a esconder, não somos dois bandidos”, declarou ao STF.

Além de Bolsonaro, Mourão foi indicado como testemunha de defesa pelos generais Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Braga Netto, todos também réus do chamado "núcleo crucial" da suposta trama golpista.

Com base na denúncia da PGR, os acusados vão responder pelos seguintes crimes: organização criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático de direito, golpe de Estado, dano qualificado ao patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.