SEMISSUBMERSÍVEL

PF apreende ’submarino do tráfico’ no Pará e revela rota de cocaína para a Europa

Em operação inédita, embarcação é interceptada na Ilha do Marajó; investigação aponta uso da Amazônia como base de construção para o narcotráfico transatlântico

Por Hédio Ferreira Júnior
Publicado em 31 de maio de 2025 | 19:32

BRASÍLIA – Em ação inédita no Brasil, a Polícia Federal apreendeu neste sábado (31) uma embarcação semissubmersível usada por narcotraficantes para transportar cocaína rumo à Europa.

A ação ocorreu na região da Ilha do Marajó, no Pará, com apoio da Força Aérea Brasileira (FAB) e da Marinha do Brasil, e marca a primeira vez que esse tipo de equipamento é interceptado pelas autoridades brasileiras.

A embarcação, conhecida como semissubmersível, é construída para navegar com a maior parte de sua estrutura abaixo da linha da água, deixando visível apenas uma pequena parte. Isso dificulta a detecção por radares, satélites e aeronaves, tornando-a uma ferramenta cada vez mais usada por grandes organizações criminosas para atravessar o oceano com grandes cargas de droga, especialmente cocaína.

A operação é resultado de uma ação conjunta de inteligência entre o Brasil e órgãos internacionais, incluindo a Polícia Nacional da Espanha, a Polícia Judiciária de Portugal e a agência norte-americana DEA (Drug Enforcement istration). 

O alerta partiu da apreensão de uma embarcação similar em março de 2025, nas águas de Portugal. As investigações revelaram que tanto o “submarino” apreendido na Europa quanto o interceptado agora no Pará foram fabricados na mesma região amazônica.

Evolução tática do narcotráfico

Segundo a Polícia Federal, a descoberta mostra uma evolução das táticas do narcotráfico, que tem investido em estruturas mais sofisticadas para escapar da fiscalização. "É uma tentativa clara de diversificação dos meios usados no tráfico internacional de drogas", disse a PF em nota. 

O foco agora será identificar os responsáveis pela fabricação, logística e financiamento dessas embarcações, que exigem planejamento técnico e recursos expressivos para serem construídas.

A cooperação internacional foi essencial para a identificação e localização da embarcação, e representa um reforço na vigilância das rotas transatlânticas do tráfico, que frequentemente partem da América do Sul rumo à Europa, ando por áreas de baixa fiscalização e portos estratégicos.

A PF reforçou que continuará atuando de forma integrada com parceiros nacionais e estrangeiros para impedir a consolidação do uso de embarcações semissubmersíveis no território brasileiro, como ocorre há anos em países como Colômbia e Equador, onde esses “narco-submarinos” são mais comuns.