O Conselho de Ética da Câmara recebe o parecer de uma representação contra a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) em reunião marcada para iniciar às 11h30 desta quarta-feira (2), poucas horas depois de a parlamentar ser alvo de busca e apreensão pela Polícia Federal. A parlamentar é investigada por supostamente contratar um hacker para invadir sistema do Judiciário.
A denúncia trata do comportamento de Zambelli em audiência pública na Comissão de Segurança Pública da Câmara com o ministro da Justiça, Flávio Dino, em abril deste ano. Com embates acalorados entre os parlamentares presentes, Zambelli se dirigiu ao deputado Duarte Jr. (PSB-MA) e disparou: “vai tomar no c*”.
A representação foi feita pelo PSB, partido do deputado, e informou que aliados de Zambelli declararam que ela foi provocada e reagiu. “Tais justificativas reduzem o Parlamento a uma roda de conversas informal, onde qualquer pessoa pode ofender sem ser repreendido”, diz a ação.
“O parlamentar deve agir de maneira socIalmente responsavel, consoante preceitos éticos e morais. pautando-se pelo ordenamento jurídico em vigor. […] A escolha da deputada Carla Zambelli de xingar fora do microfone e de forma quase inaudível demonstra sua consciência prévia da gravidade daquilo que fala e a intenção inquestionável de humilhar o Deputado, sem ser responsabilizada”, acrescenta a denúncia, que tem como relator o deputado João Leão (PP-BA). Caso o processo avance, as punições aplicáveis vão de advertência à cassação do mandato.
Na operação desta quarta, a PF também prendeu o hacker Walter Delgatti Neto no interior de São Paulo. Ele ficou conhecido por ter invadido telefones de autoridades envolvidas com a operação Lava Jato, em episódio que ficou conhecido como "Vaza Jato" após mensagens trocadas pelos integrantes da força-tarefa por meio do Telegram serem publicadas pelo site The Intercept.
Zambelli é alvo da PF, por supostamente, contratar Delgatti para fraudar as urnas eletrônicas e tentar inserir no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) um mandado de prisão contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
"Os crimes apurados ocorreram entre os dias 4 e 6 de janeiro de 2023, quando teriam sido inseridos no sistema do CNJ e, possivelmente, de outros tribunais do Brasil, 11 alvarás de soltura de indivíduos presos por motivos diversos e um mandado de prisão falso em desfavor do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes", informou a PF por meio de nota.