A um dia da posse, o prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União), demitiu mais um secretário. Genilson Zeferino, que comanda a Secretaria de Segurança e Prevenção desde janeiro de 2017, disse a O TEMPO que foi informado da decisão nesta quarta-feira (2 de abril). A exoneração ainda precisa ser oficializada no Diário Oficial do Município (DOM).

O secretário, que ou pelas gestões de Kalil e Fuad, disse ter encarado a decisão com “muita naturalidade” e elogiou a forma como Damião tratou sua saída. “A postura do prefeito foi absolutamente ética e elegante. Ele falou do projeto que vai desenvolver daqui para frente, diferente do atual, que precisa contar com quem tem essa linha”, avaliou.

Zeferino afirmou que não sai “magoado” nem “entristecido”. “Claro que foram anos de entrega e essa experiência de estar e permanecer faz parte da atividade. Então saio com muita alegria, olhando no retrovisor o que eu fiz, e reconheço o esforço de comandar essa secretaria”, observou.

Ele acrescentou: “claro que é triste, mas acho que eu cumpri um ciclo, então não trago nenhum constrangimento. Não tenho dúvida de que o que foi feito foi muito bacana e duradouro”.

Essa foi, ao menos, a segunda demissão de um secretário por parte de Damião nesta quarta-feira (2). Antes, o titular da Assistência Social e Direitos Humanos também foi demitido em reunião com o prefeito. Na terça (1º), o chefe de gabinete de Fuad, Daniel da Cunha Messias Roque, comunicou sua saída a Damião. Mais demissões são esperadas nos próximos dias. O movimento ocorre após a morte do prefeito reeleito Fuad Noman (PSD), vítima de complicações de um linfoma não-Hodgkin na última quarta (26 de março). Na quinta (3 de abril), Damião será empossado oficialmente como chefe do Executivo municipal, em uma cerimônia na Câmara Municipal.

Secretário destaca realizações

O líder da Segurança exaltou os feitos à frente da pasta, citando o Centro Integrado de Atendimento à Mulher (CIAM), um equipamento que presta atendimento a mulheres em situação de rua e violência doméstica, avanços no Centro Integrado de Operações de Belo Horizonte (COP-BH) e a criação de unidades da Guarda Municipal para temas específicos.

“A gente tem deixado um legado hoje. As mulheres em situação de rua são as vítimas preferenciais e temos hoje sob responsabilidade da secretaria uma casa que atende sob essa perspectiva de prevenção. Outra coisa é a estrutura do Cento de Operação, que também sob minha coordenação entregou 4.800 câmeras, com todo o sistema funcionando e um programa muito legal de usar câmaras de terceiros, e discutindo atualmente usar o reconhecimento facial em pessoa desaparecidas”, destacou.

“E na estrutura da guarda, criamos uma unidade voltada para enfrentar a violência contra a mulher sem concorrer com o que a Polícias Militar e Civil fazem. Ela trabalha especificamente contra assédio e importunação sexual no transporte púbico, com mais de 50 pessoas presas. Outra coisa que me orgulha muito é uma unidade composta por guardas bilíngues, foi testada e hoje atua atendendo turistas. São 12 guardas, que inclusive falam línguas não usuais. Também, a unidade de enfrentamento à violência urbana, coordenada por um guarda veterinário, que traz um diferencial pela violência contra animais. Uma unidade que me orgulho muito também é da que cuida de uma rede de proteção de espaços sagrados protegidos, de religiões de matriz africana e outras religiões, que hoje tem se atentado a essa questão”.

Servidor público federal aposentado, o secretário afirmou ter apreciado a oportunidade de atuar em sua cidade de origem. “Gostei muito de servir minha cidade. Servi vários lugares, e vir e terminar minha jornada na minha cidade e com minha família foi muito bom”, finalizou.