O deputado federal Gustavo Gayer (PL), eleito por Goiás, voltou aos holofotes nesta semana depois de comentários nas redes sociais sugerindo um "trisal" entre a ministra da Secretaria de Relações Institucionais Gleisi Hoffmann (PT), o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). A fala teria sido motivada pelo discurso do presidente Lula (PT) dizendo que escolheu Gleisi, “uma mulher bonita”, para facilitar a relação com os congressistas.
Nesta sexta-feira, o PT formalizou queixa ao Conselho de Ética da Câmara contra o parlamentar. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, também prometeu que irá tomar medidas contra a fala de Gayer.
Muitos apoiadores do presidente Lula se mobilizaram contra as falas de Gayer. Um deles, o deputado federal mineiro André Janones (Avante), trouxe à tona um caso no qual o parlamentar goiano foi acusado de matar duas pessoas em um acidente no qual ele estaria dirigindo sob efeito de álcool. A informação foi replicada em várias páginas e provocou reação de Gustavo Gayer, que teria denunciado Janones por “calúnia e difamação”.
Janones fez duras críticas a Gayer pela suposta misoginia do parlamentar goiano, que teria tratado a nomeação de Gleisi com machismo. Contudo, pouco depois Janones também ganhou destaque por falas interpretadas como preconceito contra Michelle Bolsonaro (PL). A ex-primeira-dama disse em um encontro com apoiadores que “nossa tropa é imparável”. Em resposta, Janones publicou que "imparável pode ser, mas incomível não", em referência ao termo normalmente utilizado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
Histórico
Gayer é herdeiro de uma família com tradição política em Goiás, sua mãe chegou a ser deputada estadual, e se tornou um apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com bastante atividade nas redes sociais.
Antes das falas sobre Gleisi Hoffmann e Alcolumbre, Gayer teve destaque em outras polêmicas. Em outubro de 2024, o parlamentar goiano foi alvo de uma ação da Polícia Federal contra suspeitos de desviar dinheiro público de cota parlamentar e falsificar documentos para criar uma organização da sociedade civil. Ele era suspeito de usar verba pública para pagar o aluguel de uma escola de idiomas. Na época, ele afirmou que era inocente e que os agentes se tornaram "jagunços de um ditador”, em menção ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.
Antes, nas eleições de 2022, ele teria comparado os habitantes do nordeste com “galinhas que recebem migalhas do Estado”. A declaração ocorreu durante um seminário de discussão sobre o Sistema Nacional de Educação (SNE), e fazia menção ao apoio que o presidente Lula teria na região.
Em 2023, a Advocacia-Geral da União (AGU) encaminhou notícia crime à Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Gustavo Gayer por falas racistas em um podcast. Na ocasião, o deputado e o apresentador, Rodrigo Barbosa Arantes, associaram africanos a baixo quociente de inteligência (QI). Além disso, afirmaram que os africanos não teriam “capacidade cognitiva” para viver em uma democracia.
Gayer também virou réu no STF por ofensas contra os senadores Vanderlan Cardoso (PSD-GO) e Jorge Kajuru (PSB-GO). Em fevereiro de 2023, após a reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) na presidência do Senado, Gayer chamou os senadores goianos de "vagabundos que viraram as costas para o povo em troca de comissão". Kajuru também foi chamado de "doido varrido" e "caricatura". A ação segue em julgamento, com relatoria da ministra Cármen Lúcia.