A perda de controle de postos-chave na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) foi a gota d’água para a saída do deputado estadual licenciado Gustavo Valadares (Mobiliza) da Secretaria do Governo de Romeu Zema (Novo). As mudanças, formalizadas nessa terça-feira (11 de fevereiro) e bancadas pelo presidente Tadeu Leite (MDB), o Tadeuzinho, impam derrotas ao Palácio Tiradentes.
O estopim para a saída, comunicada em uma reunião do secretariado nesta quarta (12 de fevereiro), teria sido a indicação do deputado estadual Noraldino Júnior (PSB) para a liderança do bloco “Avança Minas”, reconstituído após a saída do PL da base de Zema. A escolha de Noraldino, que é um dos deputados do círculo de Tadeuzinho, teria contrariado Valadares, que teria deixado claro o descontentamento para o presidente, porque queria o ex-líder do governo Roberto Andrade (PRD) no posto.
Procurado, Noraldino afirmou que articulou a indicação para a liderança a partir de um movimento deflagrado pelos próprios deputados. “Quando o PL saiu do bloco (Avança Minas), esse movimento cresceu, conversei com os deputados, um a um, não enfrentei resistência e acabou que deu certo”, apontou um dos líderes de Zema, que já tinha ensaiado uma indicação para um dos cargos de liderança no início da legislatura, em 2023.
A redistribuição das comissões da ALMG, que alçou dois aliados de Tadeuzinho à presidência dos principais colegiados também, também teria influenciado a decisão do agora ex-secretário de Governo. Com o aval do presidente da Casa, as comissões de Constituição e Justiça e de istração Pública serão presididas, respectivamente, por Doorgal Andrada (PRD) e Adalclever Lopes (PSD).
Ao menos entre deputados estaduais, a avaliação é que as mudanças, que dão a “cara” de Tadeuzinho para a ALMG, diminuirão a influência do governo Zema nas comissões. Cabe aos presidentes, por exemplo, definir o que será pautado em cada um dos colegiados, e a Comissão de Constituição e Justiça é a primeira por onde am os projetos de lei.
A indicação de Noraldino para a liderança do “Avança Minas” se soma à saída do PL da base de Zema, que também teria ocorrido a contragosto de Valadares. O ex-secretário de Governo teria articulado para que o partido permanecesse no bloco “Avança Minas” e para que o deputado Antonio Carlos Arantes (PL) fosse indicado para a liderança do grupo.
Entretanto, o também deputado Bruno Engler (PL) reuniu maioria dentro do PL para o desembarque da base de Zema para constituir uma bancada. O movimento do partido alçou Engler, que enfrentava resistência de outros parlamentares do “Avança Minas” para liderar o bloco, à liderança da bancada, levando o governo a reorganizar a própria base com a saída de Avante e Republicanos de um para outro bloco.
À frente da Secretaria de Governo desde agosto de 2023, Valadares tinha desgastes com os deputados na ALMG. Em entrevista no último mês de dezembro, o ex-secretário de Governo itiu que não era “unanimidade”. “Sei que dentro da ALMG existem críticas ao meu trabalho, ao meu perfil, à forma como eu gosto de desenvolver e de viver o dia a dia aqui na Secretaria de Governo. É supernatural”, disse, à época.
O TEMPO fez contato com Valadares e aguarda retorno. Em nota divulgada à imprensa nesta quarta-feira (12 de fevereiro), Valadares agradeceu aos parlamentares pelo “companheirismo e apoio nas pautas e agenda de governo na ALMG”. “Agora, sigo para novas missões e retorno à ALMG comprometido com o desenvolvimento de Minas e dos mineiros. Continuarei firme e leal ao governador Zema e ao vice Professor Mateus, trabalhando pelo futuro do nosso estado”, disse.
Fora da Secretaria de Governo, Valadares, que é um dos cotados para ser indicado para uma das três vagas Tribunal de Contas do Estado, reassumirá o mandato como deputado estadual. A sua volta à ALMG levará o também deputado João Júnior (Mobiliza), que é o 1° suplente do partido, a perder o mandato. Porém, a posição de Valadares é uma incógnita, já que os assentos das comissões e as lideranças já foram distribuídas.