Após o resultado da eleição para a presidência da Câmara Municipal de Belo Horizonte, o vereador Bruno Miranda (PDT) será, novamente, o líder de governo de Fuad Noman (PSD) dentro da Casa. A informação foi confirmada a O TEMPO pelo parlamentar, que relatou ter recebido – e aceitado – o convite em duas ocasiões: uma no fim de 2024 e outra mais recentemente, após a eleição da Mesa Diretora. “Tenho compromisso com esse governo, e vamos trabalhar. Se não for para ficar, tenho muita sobriedade em relação a isso”, declarou Miranda.
O vice-prefeito e chefe do Executivo em exercício, Álvaro Damião (União Brasil), também confirmou à reportagem que o pedetista será o líder de governo na Câmara. A decisão acontece apesar da avaliação de vereadores, tanto da base quanto da oposição, de que a imagem de Bruno Miranda poderia ter se desgastado após a derrota na disputa pela presidência do Legislativo.
No dia da eleição, o novo presidente da Casa, Juliano Lopes (Podemos), chegou a chamar Miranda de “traíra” porque ele teria se comprometido a não lançar candidatura ao comando da Casa. O vereador do PDT, que já era líder de Fuad no mandato anterior, foi colocado na disputa em 24 de dezembro, após articulações da prefeitura. “Lá atrás ele deu a palavra de que não entraria na disputa”, afirmou Juliano. Miranda se defende e argumenta que sempre houve a possibilidade de se lançar à cadeira.
Questionado sobre um eventual desgaste para ocupar o posto, Miranda disse que toda eleição na Câmara “cria certas cicatrizes” e ressalta que entende a posição de cada vereador. “Temos que respeitar essa posição. Com qualquer um dos candidatos que ganhasse, a base teria que ser construída do zero. Isso requer tempo, paciência, e vamos trabalhar sério”, argumenta.
Histórico
Miranda ocupa a posição de líder de governo na Câmara desde março de 2022, quando foi escolhido por Fuad para substituir o ex-vereador Léo Burguês, que ocupou o posto na gestão de Alexandre Kalil (sem partido). A manutenção do vereador na posição é vista como natural entre colegas, apesar de as discussões estarem paralisadas desde a internação de Fuad, que está na UTI desde 3 de janeiro, com pneumonia.
“O que sinto é que o prefeito (Fuad Noman) ainda está sem uma estratégia definida de como construir uma base social com o adoecimento e ele ainda não delegou a direção política da prefeitura para outros atores”, afirmou um vereador que apoiou Miranda para a presidência da Câmara Municipal. Também não seria “o tipo” de Juliano Lopes retaliar os apoiadores do rival, segundo parlamentares que defenderam o voto em Miranda. “Acredito na gestão democrática do Juliano, por mais que nós perdemos a eleição da mesa, o Juliano, eu espero, não é do tipo de retaliar”, relatou outro parlamentar.