Um garoto de 12 anos atropelou e matou sua cuidadora adotiva, Marcia Grant, após dirigir o carro da idosa enquanto ela tentava impedi-lo de levar o veículo. O menino havia sido colocado sob os cuidados dela apenas seis dias antes, apesar das preocupações expressas por um assistente social. O inquérito sobre a morte de Marcia Grant começou nesta segunda-feira (2) no Tribunal do Coroner de Sheffield, na Inglaterra.
O incidente ocorreu em 5 de abril de 2023, em frente à residência da vítima. Atualmente, a investigação vai analisar a decisão do Conselho de Rotherham de colocar o menino, cujo nome não foi informado, sob os cuidados do casal Grant.
Marcia Grant, de 60 anos, trabalhava como cuidadora adotiva há sete anos quando sofreu os ferimentos fatais. Em novembro de 2023, o garoto recebeu sentença de dois anos de custódia após itir ter causado a morte da cuidadora por direção perigosa.
O casal Grant já estava cuidando de outra criança, quando se voluntariou para acolher o menino em caráter emergencial em 30 de março de 2023. Eles estavam categorizados como aptos a cuidar de apenas uma criança por vez, principalmente devido às complexidades apresentadas pela primeira.
O assistente social que apoiava os Grants, David Wade, testemunhou que foi consultado sobre a colocação emergencial e relatou não ter concordado com a decisão devido ao potencial impacto na criança que já estava na casa. A decisão final foi tomada por um gerente mais sênior.
"Eles só queriam ajudar o tempo todo. Eles eram incrivelmente abertos a ajudar crianças", declarou Wade. Wade afirmou desconhecer detalhes do histórico autodeclarado do menino, relacionado a atividades de gangues e posse de facas. Ele ressaltou que não tinha preocupações quanto à capacidade dos Grants de cuidar das crianças.
O chefe de serviço para o departamento de crianças sob cuidados do Conselho de Rotherham, Matthew Boud, aprovou a colocação do menino com os Grants. Ele explicou que o conselho enfrentava decisões "finamente equilibradas" sobre colocações emergenciais e tentavam "desesperadamente" fornecer alguma estabilidade para o menino.
A morte de Mrs. Grant aconteceu exatamente no dia em que expirava o prazo de seis dias para o acolhimento emergencial do menino. Conforme relatado durante o inquérito, ele havia sido recolhido pelos serviços sociais naquele mesmo dia, mas retornou posteriormente.
A assistente social do menino, Tessa Goodacre, informou ao tribunal que não estava ciente de preocupações nos poucos dias em que ele esteve com os Grants. Quando questionada pela legista se estava "ciente de que Mrs. Grant estava com dificuldades e colegas diziam que ela parecia exausta", ela respondeu negativamente.
Goodacre descreveu o menino como muito comunicativo e agindo como um adolescente normal. Segundo ela, ele gostava de futebol e havia expressado o desejo de se tornar policial quando crescesse. A assistente social mencionou estar ciente de que ele tinha uma advertência juvenil por posse de faca.
Durante a abertura do inquérito, a filha de Marcia Grant, Gemma, leu um retrato escrito sobre sua mãe. A família descreveu Marcia como uma "alma como nenhuma outra" com uma "bússola ética inabalável", uma "mãe orgulhosa e amorosa" com uma "risada contagiante".
"Dizer que a vocação da mãe era ajudar aqueles que precisavam é um eufemismo", afirmou o comunicado lido por Gemma. Ela destacou que sua mãe sempre apoiou pessoas que eram "negligenciadas, descartadas ou maltratadas". Gemma acrescentou que sua mãe proporcionava um "refúgio seguro para crianças necessitadas" e "vestia as conquistas daqueles que amava como se fossem suas próprias".