O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou neste sábado (2) a visita ao Brasil em 27 de março de 2024. Ele aceitou prontamente o convite feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, durante a programação da COP-28, a Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas.

Os dois conversaram sobre o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, que  foi negociado há mais de 20 anos. O Brasil atua para destravar a parceria entre os blocos. Na sexta-feira (1º), Lula abordou o mesmo tema em reuniões bilaterais com o representante da União Europeia, Ursula von der Leyen, e com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez.

No entanto, Macron disse, em conversa com jornalistas, também em Dubai, ser contra o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia. O presidente francês afirmou que ele está “mal remendado”. Alegou que a versão atual não leva em conta a biodiversidade e o clima. O mandatário francês justifica que, uma vez que não considera uma política ambiental condizente com a do governo Lula, a qual elogiou, o acordo se mostra contraditório.

“E é justamente por isso que sou contra o acordo Mercosul-UE, porque acho que é um acordo completamente contraditório com o que ele [Lula] está fazendo no Brasil e com o que nós estamos fazendo [...] não leva em conta a biodiversidade e o clima dentro dele. É um acordo comercial antiquado que desmantela tarifas”, disse Macron.

Questionado por jornalistas após as declarações de Macron, Lula disse que o colega francês tinha o direito de pensar dessa maneira. “Cada país tem o direito de ter uma posição. A França sempre foi o país mais duro para se fazer acordos, porque a França é mais protecionista. Não é a mesma posição da União Europeia.”

Brasil e Reino Unido assinam memorando de cooperação na descarbonização da economia 37632

Também neste sábado, na COP-28, Brasil e Reino Unido firmaram um acordo de cooperação em projetos de apoio à descarbonização do setor industrial. O documento foi assinado no Brasil pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin e entregue à ministra de Segurança Energética e Net Zero do Reino Unido, Claire Coutinho. No ato da em Dubai, o MDIC foi representado pelo secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria, Rodrigo Rollemberg.

O memorando tem o objetivo de aumentar a capacidade do MDIC de identificar, alinhar e combinar fontes de assistência internacional com projetos para apoiar a descarbonização do setor industrial brasileiro. Nesse sentido, busca promover o desenvolvimento e a implantação de novas tecnologias limpas.

A estrutura de cooperação recebeu no memorando a denominação de Hub de Descarbonização Industrial no Brasil (HDIB). Vai funcionar como um centro de articulação de parcerias internacionais com interesse na descarbonização do setor industrial, incluindo provedores de assistência técnica, doadores internacionais de financiamento climático, investidores privados e outras iniciativas industriais com a finalidade de facilitar a identificação, o alinhamento e a correspondência das medidas propostas.

Para a representante britânica, Claire Coutinho, os esforços do hub fazem parte de um processo de fortalecimento de laços entre os dois países em áreas como mercados de carbono, governança climática, instituições de pesquisa, empresas e investidores em áreas como energia, bioeconomia e agricultura. "Espero que nossa parceria continue a dar resultados e a crescer, com base no respeito, no diálogo, no equilíbrio e nos interesses comuns, ao mesmo tempo em que proporciona benefícios para nossos povos e nos faz avançar rumo à economia do futuro", completou. (Com Estadão Conteúdo)