O príncipe Andrew chegou a um acordo amistoso com a americana Virginia Giuffre, que o acusou de agressão sexual em 2001, evitando um julgamento público em Nova York que colocaria a família real britânica em uma situação difícil.
As partes "chegaram a um acordo extrajudicial", escreveu o advogado de Giuffre, David Boies, em uma carta a um juiz de Nova York enviada em nome de ambas as partes. Os dois têm a intenção de dar fim ao caso em 30 dias.
O filho da rainha Elizabeth II, de 61 anos, foi alvo de uma ação judicial na qual a americana de 38 anos o acusou de abusar sexualmente dela quando ela tinha 17 anos.
Giuffre foi uma das muitas vítimas do bilionário Jeffrey Epstein, de Nova York, acusado de pedofilia e encontrado morto na prisão em agosto de 2019 enquanto aguardava julgamento.
O príncipe, um ex-herói militar que com este caso se tornou um pária da família real, sempre negou as acusações.
Os termos financeiros do acordo são desconhecidos, mas de acordo com o documento financeiro, o duque de York fará uma "doação substancial" para uma instituição de caridade fundada por Giuffre que apoia vítimas de tráfico sexual.
O caso cresceu como uma bola de neve e um julgamento vasculhando e expondo a intimidade da vida do príncipe teria repercussões indesejáveis para a família real britânica, apesar do príncipe ter se aposentado da vida pública em 2019.
Títulos perdidos 1a3xj
Em meados de janeiro, após não conseguir que a justiça arquivasse a denúncia e pouco antes do 70º aniversário do reinado de Elizabeth II, Andrew renunciou a seus títulos militares e perdeu seus títulos honorários. Mais uma humilhação para quem foi considerado um herói da guerra das Malvinas, em 1982.
"O príncipe Andrew nunca teve a intenção de difamar o caráter de Giuffre e aceita que ela sofreu tanto como vítima de abuso quanto como resultado de ataques públicos injustos" que sofreu, diz o documento judicial que a a fazer parte do dossiê do juiz Lewis Kaplan, encarregado do caso.
De acordo com os advogados, o príncipe "lamenta seu relacionamento com Epstein e saúda a coragem da Sra. Giuffre e outras vítimas que levantaram suas vozes para se defender". Na nota divulgada, não há menção às acusações da americana contra Andrew, nem mesmo para negá-las.
"Acho que o anúncio de hoje fala por si só", comentou o advogado de Giuffre, Boies, em mensagem à AFP. O príncipe não havia reagido nesta terça-feira.
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Virginia Giuffre "conseguiu o que ninguém poderia ter feito: levar o príncipe Andrew a parar de bobagem e ficar do lado das vítimas de violência sexual", disse a advogada das vítimas de Epstein, Lisa Bloom, no Twitter.
O acordo parece "um alívio" para o príncipe, segundo Bennett Gershman, ex-promotor e professor de Direito da Universidade Pace, consultado pela AFP.
"A perspectiva de um depoimento difícil e embaraçoso e um julgamento desapareceu, e sua reputação se mantém, pelo fato de que ele não itiu nenhuma má conduta em relação à Sra. Giuffre", acrescenta.
Giuffre, hoje com 38 anos, acusou Andrew de ter tido relações sexuais com ela nas residências de Epstein e sua companheira, a britânica Ghislaine Maxwell, em Londres, Nova York e Ilhas Virgens, em 2001.
Na entrevista que deu à BBC, o príncipe assegurou que não conhecia a jovem, apesar de existirem fotos que o mostram com a mão em sua cintura, enquanto uma sorridente Maxwell aparece ao fundo.
Em dezembro, Maxwell foi condenada por recrutar e aliciar menores para abuso sexual por parte de Epstein, expondo um mundo dramático de tráfico sexual entre ricos e poderosos.