Qual a visão gnóstica da sexualidade? Existe uma ideia equivocada de queo ato sexual e o orgasmo devam ocorrer somente com a finalidade de procriação. Basta ler qualquer das obras do nosso fundador, o mestre Samael Aun Weor, para entender que o sexo é mais que um ato de onde pode decorrer a continuidade da espécie. A sexualidade está presente na vida humana todo o tempo, nas 24 horas do dia. Um estudioso que abordou isso de uma forma revolucionária para a sua época foi Sigmund Freud e foi muito mal compreendido, creio que, de certa forma, até hoje.Embora não sejamos freudianos no sentido ortodoxo da palavra, temos de reconhecer, por nossas próprias investigações, que ele acertou uma artéria que alimenta as principais estruturas da psicologia humana.
Então, que restrição a gnose faz em relação ao sexo?A gnose na verdade se opõe à perda do prazer. Nas palavras do nosso fundador, “o prazer é um direito legítimo do homem”. E quando ele fala “homem”, naturalmente é igual para a mulher. O orgasmo é o momento em que o homem e a mulher desistem do prazer. Eles não am as correntes de forte atividade biológica que estão em movimento dentro dele, e outras mais sutis, que não são perceptíveis pelos mecanismos do mundo sensível. Ao permitirem o choque elétrico com a descarga massiva de energias envolvidas no orgasmo, o ser humano se debilita instantaneamente. Ou seja, o orgasmo é como um “curto-circuito”, que tem como consequência, naturalmente, a fusão dos materiais por onde a corrente elétrica a. Obviamente isto se vê porque após o orgasmo o casal se separa, exausto, e dorme, de forma geral. E, com o tempo, um vai se cansando do outro. Pode parecer muito estranha esta afirmação, mas devo dizer que o orgasmo acaba, em curto ou longo prazo, por afastar os parceiros um do outro. Desta forma, temos de nos colocar contra o orgasmo, seja ele obtido na busca da fertilização para procriação ou como o ponto ápice de um ato que busca o prazer animalizado. O orgasmo acaba com o prazer genuíno e termina desfazendo o prazer do relacionamento que no início era prazeroso entre o homem e a mulher.
E o prazer, onde fica? Muitas pessoas pensam que o orgasmo é prazeroso, mas o que é verdadeiramente prazeroso ocorre antes do orgasmo. Este ponto é muito importante. O prazer que um homem e uma mulher podem buscar faz parte da natureza humana, mas que, infelizmente, como civilização moderna, estamos abandonando em troca de prazeres animais. Então, a questão não se reduz ao orgasmo, mas é ampliada para outra questão maior: que tipo de humanos queremos ser? No sexo, o casal pode viver um enlevo, um prazer muito elevado, que é natural dos verdadeiros humanos, mas também pode experimentar sensações profundamente animalizadas, que vêm dos porões do subconsciente humano, já que herdamos muito de nossa vida instintual do mundo animal, ao qual estamos ligados de certa forma. Essas sensações que buscamos como forma de prazer com o tempo nos destroem psicologicamente, e, às vezes, atéfisicamente. Se vivêssemos apenas o prazer humano, propriamente, ele consolidaria o relacionamento do casal, fortaleceria o amor entre eles. Para a gnose, o sexo não pode ser visto de forma isolada, sem uma reflexão profunda sobre nossa psicologia, sobre o que nos faz ser o que somos, sobre nossa índole e nosso comportamento em todas as instâncias da vida. A sexualidade envolve toda a nossa vida.
Isso vale para o homem e a mulher?Sim, não há superioridade entre os dois. Poeticamente, poderíamos dizer como Victor Hugo, que “o homem está onde termina a terra, a mulher onde começa o céu”. Então, de certa forma a mulher está mais à frente que o homem, no que tange à espiritualidade e à sua irmã gêmea, a sexualidade.
O esperma é sagrado e não deve ser desperdiçado?Sim. Basta lembrarmos que este líquido tem a potencialidade de criar uma nova vida e, portanto, ele dá ao seu portador atributos de uma verdadeira divindade, já que a vida é uma incógnita mesmo para a ciência formal acadêmica e a ninguém se pode atribuir o conhecimento profundo do que é a vida, de onde vem e como a fabricar. Só sabemos fabricar vida quando fazemos sexo, e não sabemos o porquê, não sabemos o como. Na verdade, está por trás disso tudo um grande mistério. Mesmo que biólogos e médicos digam o contrário, nenhum deles pode ir a um laboratório e criar uma nova vida. Podem criar um novo embrião “in vitro”, unindo as células sexuais masculinas e femininas, mas então não fazem nada de novo, apenas repetem o que já fazemos dentro do organismo, só que fora dele. O milagre já está lá, naquelas células que ninguém sabe fabricar, somente o nosso organismo sabe e não contou seu segredo ainda para a ciência. O milagre está no espermatozoide e no óvulo.
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