Viviane Ferraccioli e Adriano Azevedo chegaram a ficar noivos, mas acabaram interrompendo a relação na época. Depois, o coração voltou a falar mais alto, e voltaram a ser um casal, em janeiro do ano ado. Engana-se quem pensa que iriam refazer todo o caminho trilhado antes. A dupla se impôs um desafio: o casamento aconteceria em três meses. “Quando fui olhar o vestido de noiva, a loja quis saber a data. ‘Março de 2025?’, perguntaram”, lembra Viviane, consciente de que quebrou todas as regras de planejamento de um casamento normal, que leva um ano, no mínimo, antes de chegar o dia do “sim”. 

A história do casal é contada no reality show “Até que os Boletos Não Nos Separem”, cujo quarto e último episódio irá ao ar amanhã no canal da Serasa no YouTube. Além do desafio de fazer uma cerimônia religiosa em tão curto tempo, Viviane e Adriano também contam o calvário que foi para resolver o efeito colateral de grande parte dos casamentos: o surgimento das dívidas. E o caso deles é ainda mais acidentado, já que Adriano foi demitido do trabalho pouco depois. Em grande parte dos casos, em situações como esta, o desfecho, em pouco tempo, poderia ser a separação, já que as finanças são a principal razão do fim das relações.

“Eu acompanho esse drama dos casamentos desde o ‘Fábrica de Casamentos’, programa que eu apresentei no SBT”, registra a apresentadora Chris Flores, que virou uma “especialista” em casamentos na telinha. “Naquele programa, (o objetivo) era a realização de um sonho, fazendo tudo que as pessoas tinham vontade, mas não conseguiam financeiramente. Aí a Serasa veio com a proposta de ‘Até Quando os Boletos...’, de fazermos uma ajuda a esses casais, não com dinheiro, mas com informação, que é o mais importante”, destaca Chris, que é taxativa: “É preciso organização financeira, senão realmente não dá para casar”.

Como evidenciado no programa, “o dinheiro é fundamental”, pondera. “Não é só juntar as escovas de dente. É preciso ter saúde financeira, senão o casamento não a, infelizmente. O que a gente mais vê, após toda essa experiência que acabei tendo com o dia a dia dos casais, é que o amor, claro, vai estar acima de tudo, mas o dinheiro vem logo abaixo”, avisa. Ela não está falando apenas da festa, mas do pós-matrimônio também. “As contas chegam. Muitas vezes as pessoas só pensam na festa, na organização da cerimônia religiosa, mas não pensam no pós. Você fica com dívidas, pois vai parcelando e jogando para frente”.

Às vezes, a festa dos sonhos acaba saindo do controle, pegando de surpresa até mesmo quem, em princípio, deveria saber lidar com a parte financeira. Chris cita o caso de Adriano Azevedo, marido de Viviane, que era contador. “Quando chegou o momento efetivo do casamento, ele se perdeu. E pior: ele ficou desempregado no meio do caminho”, narra a apresentadora. Quem segurou as contas em casa foi Viviane, que atua como engenheira de alimentos. “Tivemos que nos reinventar para poder de fato honrar os compromissos assumidos. E, graças a Deus, conseguimos”.

Por outro lado, o casamento em tempo acelerado teve pontos positivos. “Quando voltamos (a nos relacionar), dissemos: ‘agora é para casar’. Foi desafiador, porque três meses é o tempo que o cerimonialista pede para enviarmos os convites. Algumas coisas nos favoreceram. Ocorreram negociações que foram até mais fáceis, porque em janeiro, fevereiro e março não tem muitas festas. Com o curto tempo para efetuar o pagamento, conseguimos um preço legal. No entanto, corremos o risco de ficar sem, porque vários fornecedores já tinham essa data comprometida com outros casamentos”.

Mas Viviane reconhece que o planejamento financeiro é muito importante, “para que as coisas se materializem de uma forma mais simples”, lembrando que o casamento é um momento de adaptações de diferentes naturezas. “São diversas situações que podem ocorrer com os casais, e o reality é bacana por isto: você se enxerga ali de alguma maneira. E aí a gente sempre vem com uma lista de dicas e sugestões para quem está se organizando para se casar ou já se casou e ainda tem dívidas para solucionar”, afirma Chris Flores, para quem o dinheiro não pode ser visto como um vilão, mas sim um aliado.

Questões financeiras estão entre os maiores motivos de divórcio

A apresentadora Chris Flores destaca que, “quando se está apaixonado, quando você está amando, falar de dinheiro pode ser um grande intruso na relação, e existe o medo de atrapalhar”. “Mas é preciso falar desde o início, porque o casal tem que ser muito honesto em relação ao que tem, ao que pode ser colocado em jogo, o que pode ser dividido e o que é de cada um, pois o casamento também impacta a individualidade”, recomenda.

Sem colocar os pingos nos is, o dinheiro pode soterrar uma história de paixão e vida em comum. É o que sublinha Laís Simão, advogada familiarista e sócia da Simão Dias Advocacia. “A falta de planejamento financeiro impacta diretamente a harmonia do casal. Quando não há clareza sobre como o dinheiro é istrado, surgem inseguranças, frustrações e até desconfianças. No meu dia a dia como advogada de família, vejo que muitos divórcios poderiam ser evitados se houvesse um diálogo mais aberto e maior transparência sobre as finanças”, analisa. 

“A vida financeira desorganizada gera estresse, ansiedade e, muitas vezes, desequilíbrio na divisão das responsabilidades, o que acaba desgastando a relação. As questões financeiras estão entre os três principais motivos de divórcios, junto com a falta de diálogo e a infidelidade”, assinala Laís, que destaca que a falta de dinheiro também é causadora de divórcios. “Quando as contas não fecham, quando há desemprego, instabilidade ou dificuldades financeiras, o casal precisa ter muita resiliência, empatia e parceria para atravessar esse período”, recomenda. 

A advogada sugere que, num momento de crise, é preciso haver diálogo bem-estruturado e gestão financeira saudável, com reserva de emergência. “Faz toda a diferença”, ressalta. O grande erro, segundo ela, é não conversar sobre o assunto e deixar as coisas subentendidas. “Um casal precisa se sentar, colocar na mesa quais são suas rendas, suas despesas, seus objetivos e seus sonhos. Juntos, podem definir um orçamento, criar reservas para emergências, planejar investimentos e até estruturar questões patrimoniais mais complexas, como contratos de união estável, pacto antenupcial, testamentos e planejamento sucessório”, explica.