Antonio Tabet, Danilo Gentili, Mauricio Meirelles, Fábio Rabin e outros humoristas se manifestaram nesta terça-feira (3) contra a condenação de Leo Lins. O humorista, ex-integrante do programa de Danilo Gentili no SBT, foi condenado e três meses de prisão pela prática dos crimes do artigo 20 da Lei do Racismo ("praticar e incitar discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional") e do artigo 88 do Estatuto da Pessoa com Deficiência ("discriminação de pessoa em razão de sua deficiência").

No X, Maurício Meirelles comparou a condenação com a prisão dos cantores Oruam e Poze do Rodo: "Ninguém deve ser preso pela sua arte", escreveu. Mais tarde, brincou: "Quer saber? Vou parar de fazer piada e entrar pro comando vermelho."

Antonio Tabet também usou o X para se manifestar: "Isso aqui é um absurdo. Pode-se não achar a menor graça ou até detestar as piadas de Leo Lins, mas condená-lo à prisão por elas é uma insanidade e um desserviço. Espero que essa decisão completamente descabida seja revertida", escreveu.

Fábio Rabin postou um vídeo comentando a condenação. "No ano 2000, quando eu nem sonhava em ser comediante, um amigo me mandou uma piada nazista, eu xinguei ele de tudo que é nome e aquilo abalou nossa amizade. Hoje eu jamais faria o que eu fiz no ado, porque eu analiso a técnica da piada, se ela é boa, se ela é ruim", disse Rabin.

"Tem gente que usa a piada de forma negativa, para machucar o outro, fazer discurso de ódio. Mas quando o cara está no palco fazendo um show para quem pagou, ele tem licença poética para fazer aquelas piadas", concluiu.

Por volta das 22h, Danilo Gentili publicou um vídeo dizendo: "Piadas não geram intolerância e preconceito", disse. "O humor não comete crimes. É uma forma de arte que serve para causar alívio, riso e boas sensações em quem está ouvindo."

Já a humorista Bruna Braga se posicionou a favor da condenação. "Racismo é crime. Comediante foi racista, vai ser preso, a gente tem que ser contra?", escreveu no X. Ela integra o elenco da série "No Corre" (Multishow).

Dignidade da pessoa humana

Além da prisão, em regime inicialmente fechado, Lins também deve pagar uma multa equivalente a 1.170 salários mínimos (no valor da época em que o show ocorreu) e indenização de R$ 303,6 mil por danos morais coletivos. Na decisão, a Justiça entendeu que: "no caso de confronto entre o preceito fundamental de liberdade de expressão e os princípios da dignidade da pessoa humana e da igualdade jurídica, devem prevalecer os últimos". Cabe recurso à sentença. O processo corre na 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo.

Relembre o caso

No show de 2022, exibido na íntegra no YouTube, Leo Lins faz declarações contra negros, idosos, obesos, portadores de HIV, homossexuais, evangélicos, indígenas, nordestinos, judeus e pessoas com deficiência. O vídeo teve mais de 3,3 milhões de visualizações na plataforma.

Em 2023, a Justiça estadual de São Paulo determinou a retirada do programa do YouTube após o Ministério Público estadual alegar que o conteúdo era uma "incitação à violência" e "desrespeito à dignidade de grupos minoritários e vulneráveis".

Na época, Fábio Porchat e Danilo Gentili criticaram a decisão da Justiça. Danilo respondeu de forma irônica um comentário de Porchat que dizia "que loucura", sobre a medida. "O politicamente correto é uma coisa boa, do bem, como você mesmo disse algumas vezes", ironizou o apresentador. Nenhum dos dois se manifestou nesta terça-feira (3).