Em meio à trégua da guerra tarifária entre China e Estados Unidos por 90 dias, o CEO da Ternium, Maximo Vedoya, afirmou que as taxações sobre a indústria chinesa deve permanecer e ser o foco de atuação não só dos EUA, mas de outros países. O executivo falou sobre o assunto no início desta semana, na cerimônia de entrega do prêmio de 'Produtor de Aço do Ano' pela AIST (Association for Iron and Steel Technology), em Nashville.
Vedoya lembrou que a China aumentou a sua presença na indústria global de 5% em 2021 para 35% desde 2001 e já definiu chegar em 45% do total produzido até 2030. Segundo ele, a China adota práticas comerciais desleais na indústria e coloca em risco o setor industrial. No Brasil, a Ternium tem operações em um centro industrial instalado no Rio de Janeiro.
“Esse enorme desequilíbrio, impulsionado por práticas comerciais desleais da China, coloca em risco todo o ecossistema industrial de nossos países. É fundamental formar parcerias com países que compartilham a mesma visão e valores, fortalecendo a competitividade do setor, protegendo empregos e apoiar comunidades locais. Um ponto de preocupação é o crescimento exponencial das importações no Brasil”, disse Vedoya.
Ele frisou, ainda, que a participação do produto importado no mercado brasileiro subiu de 10,2% para 18,7% entre 2019 e 2024. O apelo do CEO da Ternium está na mesma direção do que vem sendo cobrado pela indústria do aço no Brasil. O setor cobra a adoção de taxas contra a China para conter o abastecimento do mercado nacional com aço chinês.
O assunto voltou à tona no início deste ano, quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma taxa de 25% sobre as importações de aço. A decisão afeta diretamente o Brasil, tendo em vista que os EUA são o principal mercado externo para o aço brasileiro. À época, o Instituto Aço Brasil afirmou que a taxação do produto impactaria não apenas a indústria brasileira, como também a própria economia estadunidense, uma vez que ela depende da importação do produto.
“A taxação de 25% sobre os produtos de aço brasileiros não será benéfica para ambas as partes”, citou a entidade. O Brasil supriu 60,7% da demanda de importação de placas de aço dos Estados Unidos em 2024, segundo a entidade. No ano ado, os EUA precisaram importar 5,6 milhões de toneladas do produto por não ter oferta interna suficiente. Desse total, 3,4 milhões de toneladas foram exportadas pelo Brasil.
De acordo com o instituto, o mercado brasileiro também “vem sendo assolado pelo aumento expressivo de importações de países que praticam concorrência predatória, especialmente a China”. “Assim, ao contrário do alegado na proclamação do governo americano de 10 de fevereiro, inexiste qualquer possibilidade de ocorrer, no Brasil, circunvenção para os Estados Unidos de produtos de aço oriundos de terceiros países”, disse o Aço Brasil.