Suspeita de agredir um aluno, de 4 anos, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA), uma professora e coordenadora da Educação Infantil da Escola Municipal Santa Terezinha, na região da Pampulha, em Belo Horizonte, foi afastada do trabalho. O estudante relatou ter levado tapas no rosto e no ombro. A professora chegou a uma ata reconhecendo o que ela chamou de “descontrole”.
As primeiras denúncias de agressão partiram da própria criança, há dois meses. Ela contou ao pai que a professora bateu em seu rosto e que o tapa chegou a “estalar”. No dia seguinte, o pai e a mãe do menino foram até a unidade de ensino. Houve uma reunião com o diretor, a vice-diretora, uma coordenadora e a professora do menino, mas o corpo docente alegou que “isso não acontecia na escola e que aquilo era coisa da imaginação do menino”, conforme relato da mãe.
“Colocaram ele como uma criança mentirosa. Ficou por isso mesmo. Mas aí eu comecei a observar, sabe? Desde então, comecei a perceber uma espécie de perseguição em relação a ele. Vários bilhetes. Eu falei: gente, meu Deus, estou criando um monstro? Porque não é a mesma criança que eu tenho dentro de casa. O que ela [a professora] a para mim não é a mesma criança que eu conheço em casa. Falei com o pai da criança. Na sexta-feira (6 de junho), falei com ele: ‘Olha, está insustentável. Nós vamos à escola e vamos conversar com essa professora hoje.’ Por quê? Ela me mandou uma mensagem cedo pedindo para buscá-lo, dizendo que ele estava com birra. Aí pedi para ligar para o pai, porque eu não estava em casa, estava no hospital com meu outro filho. Ela ligou, mas o pai também não podia buscá-lo naquele momento, ele ia demorar para chegar na escola”, contou a mãe do menino.
Ao chegarem à escola, os pais foram recebidos pelo vice-diretor para conversar sobre a “situação insustentável”, mas foram informados de que havia ocorrido algo mais grave. A mãe alegou que o vice-diretor disse estar envergonhado por não ter acreditado na família dois meses antes, mas que, na última sexta-feira, a professora teria agredido o menino. A agressão foi presenciada por uma monitora, que levou o caso à direção.
O fato foi registrado em uma ata assinada pela própria professora. No documento, obtido pela reportagem, a docente alega que foi um “momento de tensão em que tentou controlar o aluno”, mas se “descontrolou e tentou intimidá-lo”. A professora afirmou ainda que o menino a agrediu e tentou jogar seu celular no chão. Ela reconheceu que agiu de forma errada ao “dar dois tapas no ombro do menino”.
Em contato com a reportagem, a mãe do aluno afirmou que essa não foi a primeira vez que a professora se excedeu. “Fiz o boletim de ocorrência na Delegacia da Infância e da Juventude e vou levar até as últimas consequências. Não tenho condições de tirar meu filho dessa escola. Ele vai permanecer nela, e eu não quero mais essa professora responsável por ele. Além de professora, ela ainda é coordenadora do Infantil, o que é mais grave ainda”, disparou a mãe.
Por nota, a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Educação, lamentou o ocorrido e informou que a professora citada já foi suspensa das atividades, advertida istrativamente e que o caso foi encaminhado à Corregedoria-Geral do Município. “As informações foram registradas na ata escolar que, entre outros dados, contém o relato formal da professora. A direção já se reuniu com os pais do aluno e os orientou a registrar boletim de ocorrência, além de notificar o caso ao Conselho Tutelar. A equipe do Projeto PAS (psicólogo e assistente social), que atua na Escola Santa Terezinha, se colocou à disposição do estudante e de sua família, visando garantir seus direitos no ambiente escolar”, pontuou.
Já a Polícia Civil informou que tomou conhecimento dos fatos e que as providências foram adotadas pela Delegacia Adida ao Juizado Especial Criminal em Belo Horizonte.