O assassinato de Bruna Cristina Ferreira Crivelari, de 36 anos, repercutiu com indignação e tristeza entre os moradores do Aglomerado da Serra, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, onde ela vivia com o companheiro. O corpo de Bruna foi encontrado com ferimentos de faca no quarto do casal, nessa terça-feira (15 de abril). O parceiro dela, de 29 anos, itiu tê-la atacado após uma discussão. A vítima estava grávida de três meses.
"Nenhuma palavra é suficiente diante de uma dor como essa", diz trecho de uma homenagem a Bruna Cristina, publicada em um perfil ligado aos moradores do Aglomerado da Serra. Apesar do tom de tristeza, a postagem também serviu de alerta às mulheres da comunidade, incentivando denúncias de violência doméstica. "A todas as mulheres: não se calem. E a todos nós: que possamos proteger, apoiar e agir. Porque feminicídio não é problema das mulheres. É responsabilidade de toda a sociedade", continua a publicação.
A homenagem motivou uma onda de comentários de mulheres que desabafaram sobre o medo de sofrer violência e a dificuldade de encontrar ajuda. Uma delas, identificada no Instagram como Scarllat, compartilhou sua relação conturbada com um agressor. "Eu vivo uma vida escondida. Tenho medo de virar mais uma estatística. (...) Ele sempre descobre onde moro e ameaça me matar constantemente só por ter que pagar pensão dos três filhos. Somos mais vulneráveis do que podem imaginar", denunciou.
A vida interrompida de Bruna Cristina e de seu bebê, ainda na barriga, desencadeou uma série de gatilhos emocionais nas mulheres, como no caso da usuária do Instagram Lanny Duarte: "Eu tenho pavor [de sofrer violência]. Por isso, hoje não quero ninguém na minha vida e no meu caminho. Peço muito a Deus [por proteção]. É muito triste esse caso."
Por outro lado, outros perfis compartilharam apoio e dicas de segurança para aquelas que disseram temer o pior nas relações abusivas. "Eu sei que não é fácil, mas peçam ajuda antes que aconteça uma tragédia como essa. Se houve agressão ou ameaça uma vez, não se iludam com palavras como ‘eu te amo’, ‘não quis fazer isso’ ou ‘vou mudar’. Isso pode ser um beco sem saída", aconselhou Iara Tamara (@iara_tamara.cabelos).
Corpo de Bruna Cristina foi velado nesta quinta-feira
Familiares e amigos de Bruna Cristina Ferreira Crivelari, de 36 anos, se despediram da vítima em uma cerimônia de velório no Cemitério da Saudade, na região Leste de Belo Horizonte, na tarde desta quinta-feira (17 de abril).
"Uma menina linda, cheia de sonhos, que estava feliz porque seria mãe. Bruna, é uma crueldade a forma como sua vida foi interrompida. É uma dor inexplicável, como dói. Obrigada por cada momento que compartilhamos juntas", escreveu uma amiga próxima da vítima, que compartilhou que seria madrinha do bebê, Karol Santos.
Como denunciar violência doméstica?
- Denúncias podem ser feitas por meio da Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência (disque 180) ou do Disque-Denúncia Unificado (disque 181).
- O registro da ocorrência pode ser feito na delegacia policial mais próxima ou em Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs). Em Belo Horizonte, há uma unidade na Avenida Barbacena, 288, Barro Preto.
- Pela Delegacia Virtual, podem ser registrados casos de ameaça, lesão corporal e vias de fato, além de descumprimento de medida protetiva. Por meio da plataforma digital, as vítimas ainda podem solicitar a medida protetiva enquanto estiverem fazendo o registro.