Uma discussão por uma vaga de estacionamento na região hospitalar de Belo Horizonte terminou em um crime inafiançável na tarde da última terça-feira (14 de maio). Uma servidora pública de 51 anos foi flagrada, em vídeo, chamando um homem de "bichinha", o que pode ser enquadrado no crime de homofobia, que tem pena de 2 a 5 anos de prisão.
A reportagem de O TEMPO conversou com o pesquisador Pedro Henrique Vilar, de 30 anos, que contou que levava a sogra para uma consulta e, ao avistar uma pessoa que saía de carro, conversou com a outra motorista que disse que ele poderia parar ali, que só precisava que ele desse uma ré para ela conseguir deixar a vaga.
"Quando eu comecei a estacionar meu carro, veio essa senhora e estacionou o carro dela. Eu buzinei e ela fez o gesto com a mão de 'dane-se'. E aí eu saí do carro e fui falar com ela. Ela abriu o vidro e falou: 'O que que foi folgado? Aqui não tem vez, peguei e parei mesmo'. Eu respondi que era muito abusada e mal educada, e a partir daí começaram as ofensas. Me chamou de 'bicha louca', 'bicha folgada'", detalhou o homem.
Ainda segundo a vítima, as ofensas foram presenciadas por várias pessoas, sendo que algumas delas, inclusive, aceitaram ser testemunhas no boletim de ocorrência registrado depois pelo pesquisador. "Eu saí de lá e virei na outra rua com meu carro e, quando eu vi, ela tinha vindo atrás de mim, e começou a bater no vidro e seguindo com as ofensas. Foi neste momento que peguei meu celular e comecei a filmar", lembra Pedro.
Assista:
Uma servidora pública de 51 anos foi flagrada, em vídeo, chamando um motorista de "bichinha" durante uma discussão por causa de uma vaga de estacionamento, na região hospitalar de Belo Horizonte. A vítima, um pesquisador de 30 anos, registrou um boletim de ocorrência pelo crime… pic.twitter.com/m7F9EjWRIm
— O Tempo (@otempo) May 15, 2024
Depois do ocorrido, e com o apoio das testemunhas, ele acionou uma viatura da Polícia Militar (PM), que compareceu até o local. Porém, antes da chegada da viatura, a suspeita abandonou o carro estacionado na via e fugiu do local. Entretanto, como a mulher deixou o carro estacionado, ela foi identificada e arrolada como autora no registro policial.
O TEMPO procurou a Polícia Civil e questionou se a suspeita já foi localizada ou prestou depoimento. Por nota, a instituição confirmou que instaurou um inquérito. "Os fatos estão em apuração na Delegacia Especializada de Investigação de Crimes de Racismo, Xenofobia, LGBTfobia e Intolerâncias Correlatas (Decrin)", concluiu.
Suspeita é funcionária da Fhemig
A mulher que aparece nas filmagens é uma servidora pública lotada na Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), com o cargo efetivo de "analista de de gestão e assistência à saúde". Ela é lotada no Hospital Maria Amélia Lins, que fica na rua dos Otoni, mesma via onde as ofensas ocorreram.
"Estou até receoso de voltar ali na região novamente, pois preciso levar minha sogra constantemente, e acabar encontrando com ela, já que ela trabalha ali perto", completou Pedro.
Por nota, a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) disse repudiar qualquer tipo de discriminação e garantiu apurar o caso. "Será aberto um processo istrativo para apurar o caso para que, então, as medidas legais cabíveis sejam tomadas", disse.