A defesa do presidente eleito do União Brasil, Antônio de Rueda, pedirá ao Supremo Tribunal Federal (STF) a investigação do atual presidente do partido, Luciano Bivar. De acordo com o advogado Paulo Catta Preta, há suspeitas sobre Bivar após o incêndio que atingiu as casas de veraneio de Rueda e da irmã dele, Maria Emília Rueda, que é tesoureira do partido.
O caso foi na noite de segunda-feira (11). Os imóveis ficam na praia de Toquinho, região de residências de alto padrão perto de Porto de Galinhas, no litoral sul de Pernambuco. A expectativa da defesa é que o documento seja protocolado ainda nesta terça-feira (12).
Catta Preta apontou que as suspeitas acontecem após uma série de ameaças feitas por Bivar a Rueda e Maria Emília, inclusive de morte, em meio à disputa pelo comando do partido. "Naturalmente, se um atentado ocorre à vida de alguém, é muito natural, e isso decorre da própria lógica, que a primeira suspeita seja sobre aquela pessoa que há 10 dias vem ameaçando sistematicamente a vida", disse.
Outro elemento de suspeita para a defesa é o fato de Bivar possuir uma casa no mesmo condomínio em que os imóveis dos irmãos Rueda foram incendiados, o que poderia facilitar o o dele ao local. "Ainda não se pode afirmar categoricamente a autoria desses fatos ao deputado Bivar, mas não se pode cegar os indícios que indicam a possibilidade da sua autoria", acrescentou.
O advogado contou que há sinais prévios de arrombamento nas casas incendiadas. A informação foi obtida informalmente com a Polícia Civil de Pernambuco e só poderá ser confirmada após a finalização da perícia.
Rueda estava de férias com a família nos Estados Unidos, mas já retornou ao Brasil por conta do caso. O governo do Distrito Federal, por meio da Secretaria de Seurança Pública, disponibilizou um esquema de segurança para Rueda por conta do cenário.
Em fevereiro, a defesa de Rueda apresentou uma representação criminal à Polícia Civil do Distrito Federal por conta das ameaças. Como Bivar possui foto privilegiado, a denúncia foi encaminhada ao STF e está nas mãos do ministro Kassio Nunes Marques. O novo pedido de investigação por conta dos incêndios será anexado a esse.
Ameaças
Cata Preta detalhou que há provas de ameaças de Bivar à vida de Rueda em pelo menos duas situações, além de registros contra a irmã dele, Maria Emília. Um primeiro material seria de 26 de fevereiro.
"Essa primeira ameaça ocorre no seguinte contexto: Rueda entra em casa em uma ligação telefônica no viva voz com dois deputados que ostentam mandato do União Brasil. Em determinada altura, o deputado Bivar assume a ligação e a a desferir uma série de ameaças contra Antônio de Rueda e depois dos seus familiares. Quem gravou essa ligação foi a esposa de Rueda, que se assustou. Então há um vídeo que consta de forma muito clara essa ameaça que foi feita", contou.
Essa primeira ameaça, segundo a defesa, seria "incontornável". O advogado contou as palavras que Bivar supostamente dispara nesse vídeo: “matar, acabar com a vida, isso repetidamente pelas provas, pelos vídeos, fica fora de dúvida essa afirmação".
Um segundo vídeo seria da data da convenção que elegeu Rueda como presidente do União Brasil, em 29 de fevereiro. "Há um vídeo de um pronunciamento oficial, feito no dia da convenção partidária, em que há uma ameaça velada. Nesse mesmo dia, um vereador do partido ouviu da voz do próprio deputado Luciano Bivar essa ameaça de que gastaria uma fortuna se fosse preciso para acabar com a vida do Rueda", detalhou.
Família Rueda não descarta atentado
Os irmãos Rueda pediram à Polícia Civil de Pernambuco a "rigorosa investigação" do que causou o incêndio. "A família não descarta a possibilidade de um atentado motivado por questões político-partidárias", informou o partido por meio de uma nota.
Caciques do União Brasil também tratam o episódio como crime político e apontam Bivar, que também é deputado federal, como principal suspeito. Recentemente, ele entrou em uma disputa tensa com Rueda pelo comando da sigla. Rueda foi eleito presidente do União Brasil em 29 de fevereiro, mas Bivar tem mandato até 31 de maio.
Na véspera da convenção, Bivar, que não queria perder o comando da legenda, convocou uma coletiva de imprensa e apareceu com uma pasta com a inscrição "denúncias". Ele não revelou o conteúdo do envelope, mas a sinalização é de que eram acusações contra Rueda, a quem acusou de usar o partido para "fazer negócios".
Com a repercussão da suposta ameaça de morte a Rueda, Bivar disse ser "um cara pacífico". Ele tentou cancelar a convenção que elegeria o novo comando do partido, mas saiu derrotado. A posse de Rueda está marcada para 1º de junho.