Uma igreja luxuosa localizada em Balneário Camboriú vem sendo alvo de críticas na web. Internautas acusam o templo de ser "descompromissado com o evangelho" e apontam que a igreja seria apenas para 'ricos e brancos'.
Entenda polêmica
A "We Are Reino" surgiu na pandemia, foi crescendo e atualmente adota uma linguagem que visa atrair jovens. A página do Instagram do movimento, que pertence à igreja Reino Church, tem quase 100 mil seguidores.
A estética da rede social também gera debates na internet. Muitos críticos afirmam que o feed parece "uma loja de roupas", já que as publicações seguem um padrão e estão são sempre em tons pastéis. Outra característica da igreja é que os fiéis costumam usar somente roupas claras.
O uso de expressões em inglês como "experience", quadro de vídeo on-line em que fiéis contam experiências vividas na igreja, e "Jesus is the Center", lema pregado por frequentadores do templo, também incomoda grande parte da Internet.
A organização da igreja, por sua vez, explica que o uso dessas expressões em outras línguas tem um objetivo:
"Alcançar ainda mais pessoas, conectando-nos com diferentes culturas e nacionalidades. Isso nos ajuda a expandir nossa influência e cumprir nossa missão, que é espalhar o evangelho. O inglês também reflete nossa busca por excelência e inovação na evangelização e comunicação da fé".
Críticas
As críticas para a "We Are Reino" se intensificaram após uma influenciadora cristã publicar um vídeo mostrando como é um dia de 'reunião' na igreja. Essas reuniões seriam os cultos, popularmente conhecidos na religião cristã.
A publicação tem centenas de comentários, muitos contra a igreja:
"Essa igreja tem cara que tem que pagar ingresso pra entrar", diz um internauta no Instagram.
"Uma igreja que quando você entra no perfil parece mais uma loja de roupa básica, que mudou o termo de culto pra reunião só pra “atrair” pessoas que não conhecem jesus. Você vê as pessoas e não tem uma bíblia" critica outra seguidora.
"Culto ostentação", diz outro comentário.
"Foda de ser estudante de relações públicas e ver que fizeram até uma startups de igrejas, essa ideia de We Are Reino é a maior elitização possível gente" critica um usuário da rede X, antigo Twitter.
No vídeo, a mulher mostra uma fila gigante formada por jovens que aguardam o evento começar. Neste momento, os fiéis são recepcionados com soda italiana e café.
A parte interior da igreja também impressiona e nada parece com o modelo convencional. O local em que o culto acontece se assemelha com uma casa de espetáculos. O local tem paredes pretas e um grande palco na frente, que conta com equipamentos de som e luz profissionais. É no palco que acontecem os grandes shows de uma banda própria e a pregação do pastor.
Veja vídeo:
Pastor responde críticas
Eduardo Reis, pastor da igreja, respondeu às diversas críticas e até mesmo acusações de racismo que a igreja vem sofrendo na internet. Em uma live no Instagram, o pregador considera que a 'We are Reino' é vítima de bullying religioso:
"Certamente tais pessoas, que parecem em outros contextos tão preocupadas com o racismo por exemplo, se aproveitam do racismo estrutural que deixa negras e negros vulneráveis para falarem que eu, um homem negro oriundo de uma vida simples, sou o pastor de uma comunidade mal-intencionada e exploradora da fé dos outros", afirma Eduardo que também diz que já trabalhou como vendedor de picolé, engraxate de sapatos e servente de pedreiro.
O pregador também considera que as acusações são injustas e preconceituosas:
"É claro que eu, como deve ser com outros negros e negras que raramente ocupam uma posição de liderança, não vou me calar diante dessa injustiça...Isso tudo só viraliza porque o Bullying religioso, a ideia de debochar da expressão da fé das pessoas, ainda é algo aceito... Isso só prospera porque, das muitas igrejas iguais à Reino, esta é uma das poucas pastoreada por um pastor negro, que não enriqueceu explorando a fé. Somos alvos de preconceito religioso recreativo porque nossa comunidade é vibrante, apaixonada e que vive a excelência em tudo o que se propõe a fazer", finaliza o pastor.
A organização da igreja também respondeu as críticas de que somente ricos poderiam frequentar os encontros e o luxo da igreja:
"Aqui na Reino, buscamos excelência sem ostentação. Nosso prédio reflete qualidade e cuidado, criando um ambiente acolhedor para todos, independentemente de sua condição financeira. Valorizamos a igualdade e a generosidade, servindo a todos de forma inclusiva e sem fins lucrativos", diz em comunicado na rede X.